Com a participação do secretário-geral da Contraf/CUT, Carlos Cordeiro, os bancários estiveram reunidos nessa quinta-feira, dia 11, com a senadora Serys Slhessarenko (PT-MT). Os representantes dos trabalhadores foram prestar solidariedade à parlamentar, que se viu envolvida em um assalto a banco na cidade de Comodoro, no Mato Grosso, no último dia 3, e pedir seu apoio no debate do projeto de estatuto da segurança privada, em discussão pela Polícia Federal, que será enviado ao Congresso Nacional para atualização da lei federal nº 7.102/83, que trata do assunto.
Os bancários apresentaram os números de ocorrências reunidos no contador de assaltos disponível no portal da Contraf/CUT, bem como o levantamento das multas aplicadas aos bancos pela Comissão Consultiva para Assuntos da Segurança Privada da Polícia Federal (CCASP). Apenas nas seis reuniões realizadas este ano, foram quase R$ 10 milhões em multas para as instituições do setor financeiro. “Isso demonstra a urgência em se melhorar a legislação sobre segurança privada, especialment no setor bancário. Os assaltos acontecem pela junção da atratividade das agências com a vulnerabilidade da segurança. Precisamos atacar esses fatores e o estatuto da segurança privada é uma oportunidade para enfrentar essa onda de assaltos a bancos”, avalia Carlos Cordeiro, secretário-geral da Contraf/CUT.
A senadora falou do episódio em que se viu envolvida numa tentativa de assalto a uma agência do Banco do Brasil na cidade mato-grossense de Comodoro, a 670 quilômetros de Cuiabá. Oito assaltantes armados com metralhadoras (quatro deles, usando máscaras, entraram na agência) tentaram roubar a agência do BB de Comodoro, perto da fronteira com Rondônia. Com a chegada da polícia, houve um intenso tiroteio que durou mais de meia hora.
A senadora, que estava na cidade participando da campanha do candidato a prefeito de seu partido, passava diante da agência do BB no momento em que começou o tiroteio. “Quando os tiros começaram, um assessor me jogou no chão, depois me levou para trás de um carro. Até que conseguiram me colocar dentro de um banheiro muito pequeno, de um ponto de táxi próximo. Tentaram me tirar de lá quatro vezes, mas cada vez que eu tentava sair era uma saraivada de tiros. Fiquei vinte minutos lá dentro apertada com algumas pessoas ouvindo os tiros. Até que conseguimos sair e fugir na minha caminhonete”, contou a senadora Serys Slhessarenko.
Estatuto
Os trabalhadores apresentaram à senadora os estágios da discussão que vem sendo promovida pela Polícia Federal sobre o projeto do estatuto de segurança privada. Além disso, expuseram os pontos que consideram fundamentais para que a legislação garanta a segurança de bancários, vigilantes, clientes e usuários:
1. Todas as agências, postos de atendimento bancário (PAB’s) e correspondentes bancários (como lotéricas e os Correios, por conta do Banco Postal) devem ter portas giratórias com detetor de metais instaladas na principal entrada do ambiente.
2. Os bancários não abrem mão da proibição do transporte de valores por bancários. O transporte só pode ser realizado por vigilantes, que recebem treinamento para tal função. “Reforçamos a proposta de que a chave do cofre não pode ficar em poder do bancário, porque isso o transforma em alvo de assaltos. Foi um caso desses que aconteceu no assalto em Comodoro, presenciado pela senadora”, diz Carlos Cordeiro.
3. Penalidades mais rigorosas para os bancos que descumprirem a lei. Hoje, a lei prevê multas de no máximo 20 mil UFIRs, o que faz com que seja muitas vezes mais barato para o banco infringir a lei do que cumpri-la, pois os gastos com a instalação de equipamentos ou contratação de seguranças, por exemplo, são muitas vezes mais altos do que o valor das multas. Além disso, os bancários reivindicam que os policiais federais tenham o poder de, durante uma averiguação, interditar uma agência ou unidade que esteja descumprindo a legislação, como acontece com a vigilância sanitária.
4. Todas medidas previstas devem se aplicar igualmente para agências, PABs, Banco Postal e correspondentes bancários (lotéricas e outros estabelecimentos). Os bancos estão fazendo pressão para que os correspondentes sejam excluídos do cumprimento da nova lei.
A senadora se mostrou preocupada com o que viveu e manifestou solidariedade à luta dos bancários. “Como fui vítima de uma situação de assalto, estou muito preocupada com essa questão e me solidarizo com a luta dos bancários para melhorar a segurança nas agências”, disse a senadora aos dirigentes sindicais. “Pedirei à assessoria legislativa que acompanhe a tramitação da nova lei. Vou faze um pronunciamento no senado sobre isso e votarei a favor da lei”, sustentou.
Participaram da reunião Carlos Cordeiro, secretário-geral da Contraf/CUT, Sônia Rocha, presidente da Fetec Centro-Norte, Arilson Silva, presidente do Sindicato dos Bancáriso do Mato Grosso, e Gutemberg Oliveira, diretor da Fetec-SP.