Seminário em Curitiba destacou o avanço da economia brasileira

O Seminário “Trabalhador Brasileiro e Conjuntura Econômica”, promovido pelo Sindicato dos Bancários de Curitiba, trouxe importantes temas para a discussão na última semana. Os economistas Cláudio Dedecca, da Unicamp, e Cid Cordeiro, supervisor do Dieese-Paraná fizeram uma análise da economia brasileira nos últimos trinta anos. Para ambos, o Brasil de hoje possui uma economia mais estável, desenvolvida e com boas perspectivas.

É consenso entre eles que houve uma recuperação da economia brasileira a partir de 2003. Um ano após, o emprego formal, com carteira assinada, já estava em ascensão. Segundo o professor Dedecca, a cada quatro empregos gerados no Brasil, três são formais. Há uma estimativa de 1,6 a 2 milhões de vagas por ano. No entanto, a maioria é de até dois salários mínimos. Neste período, também se registrou aumento real em todas as categorias. No caso dos bancários, há uma reposição de vagas, porém com salários menores se comparados à faixa salarial da década de 80.

Já as condições de trabalho não acompanharam a evolução dos empregos, segundo Dedecca. Pelo contrário, houve maior acirramento das relações, forte assédio moral e conseqüentes demissões sem justa causa. Por isso, o professor destacou a importância da ratificação da Convenção 158, da OIT. Dedecca polemizou a discussão ao comentar que “com a aprovação da 158, não faz muito sentido a permanência do FGTS”. A presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região, Marisa Stedile, contra-argumentou dizendo a convenção protege de forma coletiva os trabalhadores, já o FGTS é uma forma individual de apoiar o trabalhador.

A redução da jornada foi outro importante tema debatido. De acordo com Dedecca, os sindicatos devem se atentar para a migração de emprego, justamente para onde a jornada é maior, como na Argentina. Dedecca é favorável à diminuição da carga de trabalho, porém destaca que esse é um processo que deve transcender fronteiras e ser acordado no Mercosul. “Hoje as grandes empresas trabalham de forma globalizada. É o caso por exemplos das montadoras de celular e de carros que podem atuar com tranqüilidade em qualquer parte do mundo”.

Outro ponto fundamental é a regulamentação da jornada de trabalho. Até hoje não há o cumprimento das 44 horas semanais, inclusive no caso dos bancários, cita o professor Dedecca. “Sei que é comum o bancário cumprir a sua carga horária e ainda após o expediente, visitar clientes em casa a pedido da gerência”.

As palestras de Cid Cordeiro e Dedecca reuniram nos dois dias do evento aproximadamente 160 pessoas, entre estudantes, bancários, dirigentes sindicais, economistas e profissionais liberais.

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