Seminário e protesto marcam dia de combate à violência contra a mulher

São Paulo – A criação de delegacias especializadas com estruturas para atender as mulheres que sofrem violência, criação de juizados especiais, além de investimentos em ações sócioeducativas para reeducar os agressores são os principais desafios para enfrentar o problema da violência contra a mulher.

Esses pontos foram defendidos por especialistas durante o seminário realizado pela Rede Uni Mulheres Brasil, no Sindicato, para marcar o Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher. Participaram a promotora de Justiça Eliane Vendramini, o psicólogo Leandro Feitosa Andrade, a presidente da Confederação dos Trabalhadores do Comércio da CUT (Contracs), Lucilene Binsfeld, e a dirigente sindical Neiva Maria Ribeiro.

A promotora relatou a triste realidade que as mulheres vêm sofrendo no seu cotidiano. Mas, ela acredita que com a Lei Maria da Penha a situação tende a melhorar. “Nesses quatro anos a lei tem funcionado, sim. Principalmente quando se trata de oferecer à mulher uma medida protetiva de urgência. Mas, infelizmente, ainda está longe de ser o ideal porque estamos longe do Poder Judiciário. E quando o fato é julgado, é baseado em leis que são antigas, e não no convívio e no sofrimento da vítima”, diz Eliane Vendramini.

A promotora destacou ainda que faltam recursos para que os programas de proteção à mulher sejam aprimorados. “Quando elas chegam não podemos deixar de oferecer o atendimento. Mas o Poder Público esquece que a vítima precisa de remédio, de alimentação e de lazer e para nós não está chegando nenhuma verba. Não temos recursos para esses atendimentos”, comenta.

Machismo

O psicólogo do Coletivo Feminista de Sexualidade e Saúde Leandro Feitosa Andrade também diz que a violência à mulher tem aumentado a cada dia e, que a tendência é que cresça ainda mais. “A agressão é resultado de uma série de fatores que hoje têm rondado a sociedade. Hoje a mulher tem tido grandes destaques na vida e principalmente profissional. E o homem que vem de uma sociedade machista, não aceita essas mudanças. A maneira que ele encontra para fazer sua opinião prevalecer é batendo na mulher”, conta.

Ele ainda ressalta que esse problema está presente em todas as classes sociais e apenas a prisão não é o suficiente para buscar estratégias. “É um trabalho em grupo que dura de quatro a seis semanas. E o homem somente aceita está reeducação a partir do terceiro encontro. É necessário um trabalho reflexivo, preventivo e não somente punitivo para reeducação do agressor”, ressalta.

Protesto

Após o seminário, as participantes fizeram uma caminhada com distribuição de folder na região central da cidade. “Nós da Rede UNI Mulheres estamos mobilizadas não só neste dia, mas sempre, para combater a violência contra as mulheres”, afirma Deise Recoaro, secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT.

“Acreditamos que a intensa divulgação da Lei Maria da Penha e do telefone 180 para denúncias, aliada ao debate permanente para a conscientização e mobilização da sociedade, são ações importantes para a erradicação de todas as formas de violência contra a mulher, seja em casa, no trabalho ou qualquer outro espaço”, diz a diretoria do Sindicato Neiva Ribeiro.

Data

O 25 de novembro foi definido como o Dia Internacional da Não-Violência contra a Mulher no I Encontro Feminista Latino-Americano e do Caribe, realizado em 1981, em Bogotá, Colômbia.

A data foi escolhida para lembrar as irmãs Mirabal (Pátria, Minerva e Maria Teresa), assassinadas pela ditadura de Leônidas Trujillo na República Dominicana. Nas comemorações de 1991, foi iniciada a Campanha Mundial pelos Direitos Humanos das Mulheres, sob a coordenação do Centro de Liderança Global da Mulher, que propôs os 16 Dias de Ativismo contra a Violência contra as Mulheres, que começam em 25 de novembro e prosseguem até 10 de dezembro, aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada em 1948.

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