Banpará, Banrisul (Rio Grande do Sul), Banese (Sergipe), Banestes (Espírito Santo) e BRB (Brasília) são os cinco dos vinte e quatro bancos públicos estaduais brasileiros que sobreviveram à onda de privatizações neoliberais da década de 90. E sabendo da importância de um banco estadual para o fomento do desenvolvimento local, o Sindicato dos Bancários do Pará e Amapá reuniu o funcionalismo do Banpará no último sábado (21), no Centro de Convenções Computer Hall, em Belém, em um seminário que teve como tema “O Banpará que queremos para os próximos anos”.
A atividade foi uma deliberação do Encontro dos Funcionários do Banco – realizado em julho desse ano e que construiu a minuta específica para a Campanha Salarial 2010 – e contou com as contribuições de Antonio Pirotti (Secretário de Assuntos Socioeconômicos da Contraf-CUT), e Edilson Rodrigues (Presidente do Conselho de Administração do Banpará).
Além disso, as diretoras do Sindicato e funcionárias do Banpará, Érica Fabíola e Heidiany Katrine, apresentaram estudos que revelam a presença do Banpará no Estado e a necessidade de ampliação do número de agências e do quadro funcional da instituição.
Na abertura do evento, a diretora da Fetec-CN e também funcionária do Banpará, Vera Paoloni, destacou que a existência do Banco do Estado do Pará na atualidade se deve à luta da categoria bancária em defesa da instituição, mas ressaltou que a tendência de privatização ou federalização do mesmo ainda não saiu do foco, sobretudo com a nova Lei de portabilidade bancária, onde os bancos estão obrigados desde 01/05/2009 a transferir os saldos de contas-salário para outra conta em instituição diferente, de acordo com a solicitação do cliente.
Presença
O estudo feito pelo Sindicato sobre a presença do Banpará mostrou que para o banco se consolidar como uma instituição fomentadora do desenvolvimento local é necessário abrir mais agências, mais linhas de crédito e, consequentemente, contratar mais bancários e bancárias.
Os dados apresentados pela diretora Érica Fabíola foram coletados junto ao IBGE e às Associações de Municípios do Estado, e revelam que o Pará é um Estado com mais de 1 Bilhão de metros quadrados e uma população estimada em 7,5 milhões de habitantes, distribuídos em 144 municípios. Destes, 94 municípios possuem alguma agência e/ou PAB. E 56 cidades paraenses têm agências ou PAB’s do Banpará.
“Isso nos mostra que o Banpará tem um déficit de pelo menos 50 agências ou PAB’s para cada município ou região do Pará com população estimada em 50 mil habitantes”, afirma Érica Fabíola.
Márcio Saldanha, também diretor do Sindicato e que na ocasião representava a CUT Pará, destacou que “é fundamental a presença do Banpará em locais do Estado onde os bancos privados não querem ir, pois o papel desse Banco é dar oportunidade para os pequenos produtores rurais e para os pequenos produtores de áreas urbanas do interior, os quais podem ajudar, significativamente, no desenvolvimento do Pará”.
Balanço
Edilson Rodrigues, atual presidente do Conselho de Administração do Banpará e ex-presidente da instituição, aproveitou o seminário para fazer um balanço da sua gestão (2007-2010). E o saldo apresentado mostra que alguns passos importantes foram dados pelo atual Governo do Estado no sentido de fortalecer o Banpará.
Modernização do parque tecnológico, abertura de 3 novas linhas de crédito (Cred Computador, Empréstimo Consignado e Banpará Giro Rápido), abertura de 5 novas agências, 42 unidades reformadas, investimento de mais de 50 milhões para pequenos negócios em todo o Estado, contratação de novos funcionários a partir de concurso público, nova postura no diálogo com o movimento sindical, reajuste nos salários seguindo o Acordo Coletivo com a Fenaban, ampliação dos ativos do Banco e garantia de maior PLR aos funcionários, foram alguns pontos de destaque apresentados por Edilson Rodrigues em relação ao Banpará nesses últimos 3 anos.
“Sabemos que ainda precisamos fazer muita coisa para tornar o Banpará ainda mais presente na vida do povo paraense. Para o atual governo, está descartada a possibilidade de privatização ou federalização do Banco do Estado, e por isso, vamos continuar trabalhando para que o Banpará se afirme cada vez mais como um banco público e um agente direto do desenvolvimento desse Estado”, afirma Edilson Rodrigues.
Discussão oportuna
Para Antônio Prirotti, diretor da Contraf-CUT e também funcionário de um banco estadual (Banrisul), a discussão sobre os rumos do Banpará para os próximos anos se dá em um momento bastante oportuno para a categoria bancária, tendo em vista o início de mais uma Campanha Nacional onde o maior desafio para os trabalhadores será a luta contra a ganância dos banqueiros, no sentido de reverter os mais de 20 Bilhões de lucro que as instituições bancárias tiveram nesse semestre em conquistas e benefícios para a categoria e para a sociedade brasileria.
Ele enfatizou que a portabilidade não pode servir como desculpa para que os gestores de bancos públicos, inclusive do Banpará, passem a pensar em lucros desenfreados e a virar as costas para o desenvolvimento local. Antônio Pirotti fez um apanhado histórico sobre a política neoliberal orquestrada para desmanchar o sistema financeiro nacional e as conseqüências negativas que isso implicou para o país na década passada, principalmente na falta de crédito para o fomento dos micro e pequenos produtores.
Por fim, ele destacou que em meio século de vida o Banpará sobreviveu às diferentes crises do capitalismo, aos ataques dos neoliberais, e que o papel atual da categoria bancária é lutar por um banco estadual público, e não estatal, para que esteja a serviço dos interesses do povo do Pará.
“Sabemos que a nossa luta é difícil e nos exige unidade para garantimos conquistas econômicas e sociais nessa Campanha Nacional. Precisamos garantir, em todos os bancos, melhor qualidade de vida no trabalho, mais segurança, contratação de mais bancários, melhores salários e gestão democrática nos bancos públicos”, concluiu Antônio Pirotti.
Rosalina Amorim, presidenta do Sindicato e diretora da Contraf-CUT, reforça a necessidade de unidade da categoria para garantia de novas conquistas na Campanha Nacional desse ano. “A unidade da categoria é o que garante a força do nosso movimento. É assim que poderemos arrancar vitórias nas mesas de negociação com os banqueiros, e é assim que devemos lutar para fazer do Banpará um banco público democrático, a favor da sociedade paraense”.
Documento
Ao final do seminário foi aprovado o documento “O Banpará que queremos para os próximos anos”, o qual será apresentado para a direção do Banco no ato de entrega da minuta específica do Banpará, prevista para ocorrer ainda esta semana. O documento possui 13 propostas para fortalecer o Banpará como banco público e de fomento.