Nas últimas semanas o Santander viveu uma verdadeira debandada de funcionários, uns para a concorrência, outros simplesmente por não agüentarem a rotina imposta. A situação ficou tão séria que o próprio vive-presidente de Rede mandou ordem para ser informado de cada saída para tentar pessoalmente evitar a “fuga”.
O fato é que funcionários competentes, com salários abaixo da média do mercado e insatisfeitos com as condições de trabalho no Santander se tornaram alvo da concorrência e estão provocando uma onda de pedidos de demissão. Mesmo assim, a direção do banco insiste em tratar a questão pontualmente, oferecendo aumento de salário para os demissionários. Não faz nada para alterar a rotina diária das agências, que, na falta de produtos e taxas competitivos, insiste em usar o terrorismo como método de trabalho.
Entre as razões para a saída estão baixos salários, péssimas condições de trabalho, promoções sem aumento de salário e metas abusivas. Mas, na opinião unânime, o pior é a pressão diária pelo cumprimento das metas. “O pior é reunião de toda manhã”, diz um gerente de agência. “O dia já começou mal. A gente tem de se comprometer com aquilo que eles querem e não com o que é possível. No dia seguinte é aquela humilhação por não termos atingido a meta diária.”
Funcionário que saiu para um concorrente comenta a diferença de gestão: “A diferença é gritante, não tem aquele desespero diário, o relacionamento é de respeito”. Ele cita também a dificuldade que tinha para receber o reembolso das despesas com combustível. “A gente tinha que fazer várias visitas todos os dias e depois implorar para receber o quilômetro rodado.”
Outros ainda comentam sobre a diferença no treinamento: “Enquanto no Santander o funcionário é obrigado a se virar para realizar os cursinhos via intranet dentro do horário de trabalho, os concorrentes oferecem 30 dias de treinamento”.