Seeb Nova Friburgo ganha ação coletiva para bancários do Banerj

(Nova Friburgo) O Natal que se aproxima certamente será o melhor e mais poupudo de toda a vida para 43 bancários que trabalharam nas agências do extinto Banerj em Nova Friburgo. Eles conseguiram na Justiça receber todas as perdas acumuladas do plano Bresser, que garfou 26,06% dos salários a partir de 1986, na época em que foram implementadas as mudanças na economia brasileira pelo então presidente da República José Sarney. O Papai Noel “gordo” trará para o pessoal do extinto Banerj uma bolada milionária: R$ 18 milhões a serem distribuídos aos ex-bancários, que não contiveram a emoção ao receberem os alvarás para pagamento em solenidade na noite da terça-feira, 4, no auditório do Sindicato dos Bancários. Na ocasião todos tiveram a certeza absoluta de que irão mudar de vida.

“Sempre tive a esperança de um dia receber alguma coisa, mas, de verdade, não esperava que fosse dessa forma. Vou mudar de vida completamente, realizar sonhos e ajudar a família. Esse pagamento, sem dúvida alguma, é um presente de Deus e chega em boa hora. Terei um Natal lá em casa muito especial este ano”, comemorou uma das aposentadas do antigo Banerj, que beijou o alvará de pagamento ao recebê-lo. “O que está escrito aqui é verdade mesmo?”, brincou.

Os pagamentos serão efetuados com juros capitalizados, que é o pagamento de juros sobre juros, uma decisão inédita da Justiça para este tipo de ação de reposição de perdas dos planos econômicos da União no estado até então. A advogada Cristina Kaway Stamato, autora da ação judicial, também emocionou-se com o desfecho feliz para um embate jurídico que durou 11 anos. Ela recordou que o Banerj se comprometera a incorporar aos salários as diferenças do Plano Bresser a partir de janeiro de 1992, mas não cumpriu o acordo, o que desencadeou ações coletivas e individuais a partir de 1996, quando Cristina foi contratada pelo sindicato para defender o interesse dos funcionários do Banerj.

Inicialmente os bancários perderam na Vara do Trabalho de Nova Friburgo, houve recurso no Tribunal do Trabalho do Rio de Janeiro (TRT) com ganho de causa obrigando o banco Itaú, que assumiu o controle do antigo Banerj, a depositar imediatamente os R$ 18 milhões. Ainda segundo a advogada Cristina Kaway, o departamento jurídico do banco sinalizou a intenção de recorrer novamente à Justiça para tentar derrubar o pagamento dos juros capitalizados, mas desistiu da decisão.

Os pagamentos serão efetuados aos bancários já com os descontos do Imposto de Renda. Os honorários do escritório de advocacia serão pagos pelo banco. O presidente do Sindicato dos Bancários de Nova Friburgo, Cláudio Damião dos Santos Pereira, e seu diretor jurídico, Vicente de Paula Guerra, também se emocionaram com a reunião dos bancários aposentados para a entrega de um “presente inesquecível”.

“Essa importante conquista é uma prova de que o sindicato existe não apenas para defender a categoria que está na ativa, mas também os aposentados, que muito contribuíram e merecem ter seus direitos respeitados”, resumiu o sindicalista ao lembrar a luta da entidade para evitar o fechamento do Banerj. “Este processo foi o primeiro grande desafio que assumi logo após a minha posse, em 1996, e hoje orgulho-me muito de poder compartilhar esta vitória”, acrescentou Cláudio Damião.

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