Bancários do Itaú e do Unibanco de toda a América Latina realizaram nesta terça-feira 9 uma série de manifestações em mais uma Semana Internacional de Lutas, centrada na proteção ao emprego e por melhores condições de trabalho. Em Brasília, o Sindicato percorreu as agências de ambos os bancos na W3 Sul, Asa Norte e Setor Comercial Sul para esclarecer os funcionários, clientes e usuários sobre os impactos da fusão recém anunciada entre as duas instituições financeiras, que criou o maior banco do Hemisfério Sul.
De acordo com o diretor do Sindicato Washington Henrique, funcionário do Unibanco, “os protestos contaram com o apoio dos bancários, que consideram que o Sindicato está no caminho certo na luta pelos interesses dos trabalhadores, e a receptividade da população, para quem o processo de fusão deve ser bom para as duas partes envolvidas – banqueiros e bancários -, segundo relato de clientes”.
Apesar dos bilhões de dólares envolvidos no negócio e dos lucros estratosféricos registrados nos últimos anos por essas empresas, demissões sumárias vêm acontecendo em vários países. “Só no vizinho Chile, em dois meses o Itaú demitiu 220 bancários, 120 desde o final de novembro até a primeira semana deste mês, sem falar nos outros bancos, como o HSBC, que mandou embora outros 380 no mês de novembro, aqui no Brasil”, denuncia o diretor do Sindicato e funcionário do Itaú Edmilson Lacerda.
Para os bancários, para ficar só num exemplo, demissões significam, de imediato, acúmulo de tarefas, agravando ainda mais as já péssimas condições de trabalho. Para usuários e clientes, representam aumento das filas e piora no atendimento.
Mas a irresponsabilidade e a falta de compromisso social das instituições financeiras não param por aí. Recentemente, os bancos foram alvo de crítica do presidente Lula porque estavam retendo boa parte dos depósitos compulsórios, liberados por medida do Banco Central, aplicando em títulos públicos, em vez de colocar os recursos à disposição da sociedade.
“É contra essa onda de demissões e incertezas diante da fusão Itaú-Unibanco, aliada à crise internacional, que os bancários estão mobilizados”, resumiu Louraci Morais, diretora do Sindicato e funcionária do Itaú. Eles querem o compromisso por parte dos patrões contra a ameaça de desemprego, com aplicação, por exemplo, das bases da Convenção 158 da OIT, que inibe dispensas imotivadas – daí a importância da discussão em torno de um acordo que estabeleça parâmetros para a questão. Caso assinado, o acordo garantiria uma série de direitos que deveriam ser observados pelas empresas, incluindo os bancos, em todos os países em que atuar, respeitando a legislação local.
Os sindicatos vão se manter vigilantes para defender os interesses dos trabalhadores e da sociedade, intensificando a fiscalização e denunciando às autoridades qualquer tipo de abuso porventura cometido pelos bancos.