Em discurso ao Congresso dos EUA nesta terça-feira (20), o secretário do Tesouro norte-americano Timothy Geithner defendeu a reforma financeira que tramita no Senado como forma de evitar falhas no sistema, como as que levaram à quebra do banco Lehman Brothers.
Geithner afirmou que a falência do Lehman Brothers, em setembro de 2008, foi um ponto de inflexão durante a recente crise financeira e que o governo dos EUA e de outros países não tiveram escolha a não ser intervir agressivamente em escala sem precedentes, para prevenir uma “catástrofe econômica”. Para ele, o episódio não foi somente um desastre para o banco, mas para os EUA.
Segundo o secretário do Tesouro dos EUA, a insolvência do banco foi causada pelo próprio Lehman, mas serve de exemplo do que deu errado com o sistema financeiro nos anos que levaram à crise. Entre os principais problemas do Lehman, Geithner citou a alta alavancagem, a forte dependência das operações de repo (repurchase agreements) e posições em derivativos – ressaltando que as deficiências não eram exclusivas ao banco.
Reforma financeira
“Nenhum regime será capaz de prevenir que as principais instituições financeiras cheguem ao ponto de insolvência, mas um sistema regulatório bem desenhado deve ter formas de absorver o choque causado pelo default de uma grande empresa”, afirmou o secretário.
Segundo ele, nenhum sistema de regulação será perfeito – já que as companhias sempre irão acabar arrumando problemas na tentativa de elevar os lucros – mas um sistema regulatório bom “pode ser a diferença entre um sistema financeiro fundamentalmente sólido e resiliente, e um que é construído em bases instáveis”.
De acordo com Geithner, o principal ponto da reforma é que qualquer instituição financeira cuja falência possa por em risco o sistema financeiro será sujeita a robusta supervisão e regulação. A maior transparência reduzirá oportunidades de operar com arbitragem. “Nós nos comprometemos em melhorar os padrões de contabilidade e avançar em convergência da contabilidade internacional”, disse o secretário.
Geithner defendeu ainda os pontos de compensação de executivos – que deverá estar sujeita à aprovação dos acionistas – maior transparência com relação aos mercados de derivativos e a questão das indústrias de repo.
“Finalmente, teremos um regime que dará ao governo as ferramentes necessárias para fechar as instituições financeiras falidas”, conclui Getihner