Sátira em São Paulo expõe desrespeito do Itaú com a saúde do trabalhador

Manifestação lúdica repudiou medidas de redução de custos na área de saúde

Um ato bem-humorado mostrou que a saúde do trabalhador vem sendo maltratada pelo Itaú Unibanco. A sátira foi realizada na manhã desta quarta-feira (7), no Centro Administrativo da Praça Patriarca, centro da capital paulista.

O maior banco privado do país tem cortado custos para economizar com a saúde dos funcionários. Esse foi o motivo pelo qual a instituição financeira foi alvo de duras críticas de dirigentes sindicais. O CA Patriarca abriga aproximadamente 1,5 mil trabalhadores.

Entre os principais problemas relatados estão: encerramento de balcão de atendimento para afastados, fechamento de ambulatórios médicos, descredenciamento de profissionais e obrigatoriedade de passar por médico do trabalho em casos de atestados de mais de cinco dias.

Trabalhadores dramatizaram cena em que uma superintendente ligava para um gerente com o objetivo de o fazer demitir um trabalhador adoecido. A superior também tentava convencer o médico do trabalho, contratado pelo Itaú, a dar alta para que o funcionário voltasse ao serviço.

O médico, em conflito de interesse, não sabia o que fazer. O gerente não se encontrava em melhor situação. Já o bancário era jogado de um lado para o outro, enfrentando as situações mais absurdas. Chegou a subir numa cadeira e a fazer movimentos estranhos, sob indicação médica, para tentar a cura.

A brincadeira, com fundo de verdade, reflete recentes medidas que afetam a saúde dos trabalhadores do Itaú.

Afastados

O fechamento do balcão para atendimento dos afastados e licenciados ocorreu em janeiro de 2014. O serviço era feito no CA Patriarca, mas passou a ser responsabilidade dos gestores nas agências.

Sobrecarregados com assuntos complexos, como recebimentos de relatórios médicos, os gestores não têm condições de tratar dessas questões.

O Sindicato recebeu denúncias de que afastados chegaram a receber telegramas para se apresentarem no banco, do contrário seriam demitidos por abandono, pois os papéis não tinham sido direcionados.

Para a dirigente Valeska Pincovai, “essa medida desrespeita os afastados e licenciados, que deveriam ter uma atenção especial”, afirma.

Fechamento de ambulatórios

Outra medida criticada na manifestação foi o fechamento de ambulatórios dos CAs Vila Mariana e Teodoro Sampaio, em abril de 2014. O Sindicato reagiu ao paralisar as atividades nos locais e tentar uma negociação, porém o Itaú se mostrou irredutível.

“Afirmaram que os ambulatórios eram subutilizados, mas isso não é verdade. Os funcionários se dedicam e, vez ou outra, sentem-se mal. Há hipertensos, diabéticos, trabalhadores com problemas no coração. Os ambulatórios são muito importantes e o fechamento afeta muita gente. Todos estão revoltados”, conta Valeska.

Conflito de interesses

Quem apresenta atestado com afastamento de mais de cinco dias agora é obrigado pelo Itaú a passar por consulta no médico do trabalho contratado pela instituição, que pode ir contra o laudo apresentado pelo trabalhador. O novo procedimento já é adotado no CAT (Centro Administrativo Tatuapé) e no ITM (concentração na Vila Leopoldina) e, de acordo com informações do Itaú, será ampliado.

Funcionários temem que a medida tenha sido tomada para aprofundar a perseguição e discriminação aos adoecidos, afetados pelas próprias condições de trabalho, com metas inalcançáveis e assédio moral. “Há o rumor de que o banco esteja fazendo um mapeamento dos adoecidos para futuras demissões”, conta Valeska.

Outra medida denunciada pelos bancários é que quem não apresentar atestado em 48 horas levará falta injustificada. “Os trabalhadores que precisam se afastar, muitas vezes não têm como se deslocar e ir até o banco e não têm ninguém para levar o atestado”, destaca a dirigente Valeska.

Descredenciamento de médicos

Trabalhadores queixam-se também do descredenciamento de profissionais do convênio, Fundação Saúde Itaú. “As pessoas ficam desassistidas de repente, já que há médicos que atendem há muito tempo. Já recebemos relatos de que profissionais são descredenciados sem solicitar o desligamento, então a responsabilidade é do Itaú”, diz Valeska.

A dirigente sindical lembra que o banco alcançou lucro líquido de R$ 4,529 bilhões no primeiro trimestre de 2014, crescimento de 29% em relação aos primeiros três meses de 2013.

“O Itaú lucra muito para querer economizar com a saúde do trabalhador. Era para o banco investir na qualidade de vida dos funcionários, até para continuar a trabalhar”, afirma Valeska.

“A organização dos trabalhadores continuará a denunciar para toda a sociedade esse absurdo. E vamos manter a luta na defesa dos direitos e saúde dos bancários”, declara.

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