Santander vai à Justiça para impedir mobilização dos bancários em São Paulo

Os bancos ficaram de apresentar uma proposta para as reivindicações dos bancários nesta quinta-feira, dia 17, mas parecem estar cheios de más intenções. E o Santander está demonstrando isso.

Com medo de uma possível greve da categoria, foi o primeiro banco a procurar a Justiça para tentar impedir o legítimo direito dos trabalhadores. Em mais uma prática antissindical e antidemocrática, o banco espanhol conseguiu um interdito proibitório, instrumento jurídico que impede qualquer manifestação na porta das agências.

Conforme despacho da juíza Mylene Pereira Ramos, da 63ª Vara do Trabalho de São Paulo, o Sindicato terá de pagar R$ 90 mil para cada unidade do Santander em que houver manifestação. O banco também está autorizado a usar a polícia para conter os bancários.

Para o presidente do Sindicato, Luiz Cláudio Marcolino, a atitude do Santander é um retrocesso nas relações trabalhistas e vai na contramão do objetivo dos bancários, que é garantir um diálogo aberto com os bancos, apostando na livre negociação.

“Infelizmente não há o mesmo objetivo do outro lado que, além de empurrar os bancários para a greve, ainda tenta impedir o direito legítimo dos trabalhadores, garantido pela Constituição Federal. E o pior é que as negociações da Campanha Nacional dos Bancários ainda estão em andamento, ou seja, o banco deveria apostar no diálogo e não na Justiça”, ressalta.

Marcolino destaca que o interdito proibitório é um instrumento jurídico que serve para retomar a posse de propriedade e é utilizado geralmente em disputas rurais. >

Greve é direito

A diretora do Sindicato e funcionária do Santander, Rita Berlofa, lembra que a greve é um direito que o trabalhador tem garantido na Constituição Federal. “É a forma que temos de enfrentar o poder econômico, de reagirmos contra quem tem condições de dizer não a todas as reivindicações dos trabalhadores”, comenta.

Para Rita, em vez de entrar na Justiça o banco deveria se preocupar em atender as demandas dos bancários em mesa de negociação. “Aliás, a Fenaban ficou de apresentar uma proposta nesta semana e a atitude do Santander revela que o banco já está considerando que ela não é boa e que será rejeitada pelos bancários. Isso é muito ruim, principalmente porque o presidente do Santander é justamente o presidente da Fenaban, Fábio Barbosa”, diz.

A dirigente sindical comenta que o Santander tem reafirmado que aposta no diálogo e no respeito com o movimento sindical e que esse discurso tem de passar para a prática. “Mas, o que temos assistido, é que todos os anos a Fenaban tem empurrado os bancários para a greve para, só depois, atender nossas reivindicações”, ressalta.

Retrocessos

Essa já é a segunda prática antissindical do Santander Brasil em menos de dez dias. Na terça-feira, 1º de setembro, um dia antes dos bancários entregarem sua pauta de reivindicações específicas, o banco distribuiu um comunicado exigindo que os empregados registrassem “imediatamente” no portal corporativo as manifestações sindicais que ocorrerem nas agências.

Em caso de paralisação, a direção do Santander pede para que o bancário “contate imediatamente o seu gerente regional de atendimento, ou assistente da regional, para que ele possa cadastrar a ocorrência no portal”.

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