Valor Econômico
Vanessa Dezem e Fernando Travaglini, de São Paulo
Mais do que entrar na disputa pelo mercado de credenciamento de cartões de crédito para os lojistas, a parceria do Santander com a empresa de tecnologia GetNet tem como foco principal a ampliação dos clientes pessoas jurídicas da instituição financeira. “Esse é mais um instrumento para ganharmos mercado”, diz José Paiva Ferreira, vice-presidente executivo de varejo do Santander.
“Não queremos fazer um negócio simplesmente adquirente (credenciamento do lojista). A parceria deve gerar uma relação cliente-banco e não somente comércio-adquirente. O banco quer ampliar o seu relacionamento”, afirmou o executivo, em evento de divulgação da parceria em São Paulo.
O Santander está de olho no cobiçado mercado de pequenas e médias empresas (“middle market”), apesar de não descartar parcerias com grandes empresas. “Esse é um segmento muito importante para o banco e queremos dobrar nossa base de clientes que faturam até R$ 30 milhões nos próximos três anos”, diz Ede Viani, diretor do banco responsável por essa área.
Para isso, além de permitir ao cliente a aceitação dos cartões de uma determinada bandeira, a instituição entra neste mercado oferecendo algumas vantagens para os comerciantes.
O principal benefício é o que eles chamam de Santander Conta Integrada. O produto vai gerar a possibilidade ao cliente de ter uma só conta corrente para receber de modo unificado os créditos das bandeiras MasterCard, da qual o banco já tem a licença, e da Visa, que passará a credenciar outras empresas além da Cielo (com quem tem contrato de exclusividade) a partir de julho, além de processar 21 bandeiras regionais.
Esta conta corrente poderá ser isenta do pacote de tarifas em até 100%, se a empresa registrar o volume de transações mínimo de R$ 3 mil ao mês com o uso da máquina. Há também a antecipação de até 8 vezes o faturamento. “Assim, nós passamos a nos relacionar diretamente com o comércio fazendo a adquirência e os serviços financeiros”, diz o vice-presidente do banco, enfatizando a importância deste relacionamento. “Com isso nós colocamos um gerente e um banco por trás da máquina (de cartão)”, afirma Ferreira.
Quando questionado sobre outro importante diferencial para o comércio brasileiro, que é taxa paga pelos estabelecimentos a cada transação com cartão, o executivo afirmou apenas que o banco “será bastante competitivo em termos de taxa”, indicando que, no quesito, não haverá grandes mudanças.
Ao fazer o credenciamento, o banco passa a concorrer no segmento dominado pelas grandes Redecard e Cielo (antiga VisaNet). Com a estratégia, o Santander prevê o aumento de 35% em sua base de clientes nesse segmento – que hoje totaliza 500 mil clientes – nos próximos três anos, além de estimar a conquista de 10% do volume de transações do mercado brasileiro de cartões.
Hoje, Redecard e Cielo, juntas, controlam cerca de 90% deste mercado. Caso tenha sucesso, o Santander, deste modo, passará a concorrer diretamente com as empresa de cartões. “Mas nosso foco é outro, nossos concorrentes serão os demais bancos, não a Redecard e a Cielo”, insistiu o executivo. O produto já está ativo e na próxima semana tem início uma campanha de marketing.