Helen Thomas e Francesco Guerrera
Financial Times, de Nova York
Valor Econômico
O Santander voltou nas últimas semanas a discutir com o M&T Bank uma fusão de suas operações nos Estados Unidos com este banco regional sediado em Buffalo, Nova York.
As negociações sobre a combinação da unidade americana do Santander, conhecida como Sovereign, com o M&T, que tem como maior acionista o bilionário Warren Buffett, foram abandonadas em maio, semanas antes do planejado anúncio de um acordo. As discussões chegaram a um impasse na questão de qual banco iria controlar a operação aumentada.
No entanto, os dois bancos voltaram a tentar um acordo neste terceiro trimestre e sondaram as autoridades reguladoras, incluindo o Federal Reserve (Fed), sobre suas posições em relação a uma possível transação, segundo informaram pessoas a par do negócio.
Segundo essas fontes, os bancos e seus consultores precisam ainda resolver quem vai controlar as operações combinadas. Assim, ainda não se sabe se a dupla chegará a um acordo. O Santander e o M&T, que tem valor de mercado de cerca de US$ 10 bilhões, não quiseram comentar o assunto.
Conforme as discussões realizadas anteriormente, cujos termos nunca foram finalizados, o M&T compraria o Sovereign em uma transação envolvendo apenas ações, criando uma instituição financeiras com cerca de US$ 150 bilhões em ativos e mais de 1.500 agências no nordeste dos Estados Unidos.
O Santander, então, aumentaria sua participação no novo banco, comprando a participação de 22,5% do Allier Irish no M&T. O banco irlandês precisa vender sua participação para se adequar a exigências das autoridades reguladoras europeias. O Santander também teria a opção de injetar mais capital no banco aumentado.
O banco espanhol está ansioso para aumentar sua presença nos Estados Unidos. Entretanto, Emilio Botín, o presidente do conselho de administração do Santander, vem se mostrando relutante em investir por meio de participações minoritárias, depois da experiência do banco com o Sovereign.
Inicialmente, o banco assumiu uma participação de 25% no Sovereign, como parte de uma parceria estratégica, antes de concordar em comprar o restante do problemático banco americano em 2008. Hoje, o Sovereign tem mais de US$ 80 bilhões em ativos na região da Nova Inglaterra.
O Santander queria assumir uma participação minoritária no banco resultante da fusão, mas queria um “caminho para o controle”, disseram anteriormente pessoas a par da situação. Mas o M&T não gostou da ideia.
O M&T, que tem US$ 68 bilhões em ativos e 750 agências em Nova York, Pensilvânia e Maryland, queria manter o controle da instituição combinada. As ações do M&T acumulam uma valorização de 27% no ano. Ontem, a ação subiu 0,27%, para US$ 85,58, dando ao banco um valor de mercado de mais de US$ 10 bilhões.
O banco ainda precisa devolver ao Tesouro dos Estados Unidos US$ 600 milhões que recebeu como parte do Programa de Ajuda aos Ativos Problemáticos (Tarp), instituído depois do estouro da crise financeira nos Estados Unidos.