Santander e Banco do Nordeste captam US$ 650 milhões

Valor Econômico
Cristiane Perini Lucchesi

A nova injeção de liquidez nos mercados que o Fed, banco central americano, deve anunciar hoje será fundamental para determinar o custo de captação das empresas e bancos brasileiros. Somente a expectativa de que o mais importante banco central do mundo venha a comprar mais US$ 500 bilhões a US$ 1 trilhão em títulos do Tesouro americano, ampliando o total de seus ativos hoje na casa de US$ 2,1 trilhões, já trouxe redução nos juros americanos de médio e longo prazos, além de enfraquecer o dólar. O Goldman Sachs, em relatório, defende que o Fed deveria comprar mais US$ 2 trilhões, dobrando seus ativos, pois, do contrário, não conseguirá reanimar a economia americana.

O tamanho e a forma do novo relaxamento quantitativo do Fed serão determinantes para definir como vai se comportar a dívida externa privada brasileira, que já está com uma participação de 21,7% na dívida total.

À esperado do Fed, empresas e bancos brasileiros voltaram ao mercado de eurobônus, relançando inclusive títulos perpétuos. Os bancos, além de captações de curto prazo no exterior, para ganhar com o diferencial de juros em transações de arbitragem, com um volume recorde de US$ 18,8 bilhões em setembro, (ver gráfico nesta página), também têm lançado papéis de mais longo prazo para usar na ampliação do crédito no Brasil.

O Santander Brasil foi bem sucedido com a emissão de mais US$ 350 milhões em papéis – um relançamento de um título de vencimento em abril de 2015 – que pagam cupom (juros nominais) de 4,50% ao ano.

Os papéis, na emissão original, saíram ao preço de 99,77% do valor de face, correspondente ao rendimento de 4,552% ao ano. Mas, na última segunda-feira, foram colocados a 102,139% do valor de face, com rendimento de 3,721% ao ano. O prêmio sobre o título do Tesouro dos Estados Unidos de mesmo prazo, no entanto, subiu, de 200 pontos-base para 225 pontos agora, segundo o “IFR”. Os líderes foram o Deutsche Bank, o J.P. Morgan e o Santander.

Também o Banco do Nordeste do Brasil aproveitou as expectativas com relação ao Fed e foi ao mercado para lançar papéis de vencimento em janeiro de 2016, no total de US$ 300 milhões, segundo a Moody”sA Cyrela contratou o Banco do Brasil, Credit Suisse, Itaú BBA e Morgan Stanley para organizar encontro com investidores que pode resultar na emissão de um eurobônus.

Para José Olympio Pereira, responsável pelo banco de investimento do Credit Suisse, o endividamento externo crescente das empresas brasileiras não preocupa, pois é de longo prazo e com taxas de juros baixas. Essas taxas podem cair ainda mais após a injeção de liquidez pelo Fed.

Segundo relatório de Ethan Harris e de Priya Misra, do Bank of America Merrill Lynch, no “relaxamento quantitativo 1” que o Fed promoveu até agora, ele tem preferiu comprar papéis do Tesouro americano de vencimento entre dois e dez anos. Do total de “treasuries” adquiridos, 78% tinham esse prazo e somente 15% tinham vencimento de mais dez anos até trinta anos, estima o banco.

Nos últimos dois meses, o Fed vem comprando “treasuries” somente para repor o vencimento de papéis privados securitizados que tinha em carteira. Mas, mesmo assim, a maioria das compras – 92% – foi de títulos de vencimento de quatro a dez anos, na comparação com 8% de dez a trinta anos.

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