Santander demite vítima de sequestro com 22 anos de casa em Santo André

Bastou um descuido por parte de um bancário em não se afastar pelo INSS e ainda ter acreditado na boa-fé da administração do banco – pois fora orientado a ficar algum tempo em casa – para que, após quatro meses de ocorrido o fato, fosse dispensado. O trabalhador, que atuava na agência Parque das Nações, em Santo André, na Grande São Paulo, exercia a função de Gerente de Atendimento.

No dia 20 de julho, ele foi vítima de sequestro e extorsão, ficando em cárcere privado, numa ação criminosa que envolveu e ameaçou toda a sua família. A quadrilha de assaltantes, especializada em sequestro de bancários, caiu nas mãos da polícia e foi desmantelada e presa há alguns dias, conforme a imprensa divulgou recentemente.

Para o secretário-geral do Sindicato e funcionário do Santander, Eric Nilson, o banco agiu de forma desumana com o funcionário e sua família. “São 22 anos de compromisso com a empresa, que foram reduzidos a um simples até logo e passar bem”, indigna-se.

“Já estamos na briga pela reintegração do colega e pelo reparo dessa injustiça”, informa o diretor Ageu Ribeiro, que junto com o também diretor Orlando Puccetti Jr, cuidam do caso no Sindicato.

A direção do Sindicato, num primeiro contato com o banco, não obteve nenhum sinal positivo para uma possível reintegração. O bancário está se tratando com médicos especializados para este tipo de trauma e, agora, orientado pelos diretores da entidade e com assessoria jurídica, inclusive.

“Estamos juntando material para mostrar que ele estava inapto para o trabalho pela falta de condições físicas e psicológicas”, esclarece Orlando. “O Santander precisa reconhecer isso e temos como provar”, assegura o dirigente sindical, que coordena o departamento jurídico da entidade.

Santander é o preferido da bandidagem

Se o Santander fosse demitir todos os funcionários que passaram pelo trauma de roubo, assalto ou sequestro, teria que fechar as portas de grande parte das agências por falta, obviamente, de gente para atender.

No dia último dia 7, ladrões se aproveitaram de um descuido na segurança e invadiram a agência Mauá. Os bandidos usavam roupas da própria empresa que faz a segurança.

Na sexta, dia 11, após às 16h, quatro homens praticaram novo assalto, rendendo os vigilantes e permanecendo cerca de 40 minutos no local. O curioso é que o assalto ocorreu na mesma agência Parque das Nações, onde estava lotado o bancário demitido. Nas duas ocorrências felizmente não houve violência física.

“Restaram traumas que, a exemplo do que constatamos aqui, precisam ser tratadas e reconhecidas efetivamente pelo banco”, diz Eric Nilson. “Hoje, quando há uma ocorrência, a vítima, além de temer pela própria vida, também teme pelo risco de perder o emprego”, finaliza.

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