Santander demite e humilha funcionários próximos da aposentadoria

O Sindicato dos Bancários de São Paulo recebeu nos últimos dias uma série de denúncias de trabalhadores do Santander – todos lotados na sede do banco e com muitos anos de casa – que relatam terem sido demitidos de forma desrespeitosa. A entidade mapeou ao menos 15 dispensados que estavam próximos da aposentadoria e está orientando-os a não assinarem a demissão e nem comparecerem à homologação.

“Os bancários que passarem por essa situação devem procurar o mais rápido possível um dirigente sindical ou o próprio Sindicato, que analisará a situação e, dependendo do caso, poderá brigar por uma reintegração”, orienta a dirigente sindical Lucimara Malaquias. O telefone da Central de Atendimento do Sindicato é 3188-5200.

Além de ter de encarar a demissão perto do período de estabilidade pré-aposentadoria, os bancários relatam desrespeitos e humilhações no momento do anúncio do corte.

“Meu gestor mandou me chamar na sua sala e me demitiu sem nem olhar para mim e nem mesmo parar de digitar no computador. Foi agressivo, arrancou o crachá da minha mão, falou para eu fazer o exame demissional, pegar minhas coisas e não voltar mais”, relata uma ex-bancária.

“Eu perguntei como ia sair do prédio sem o crachá e ele me disse que um segurança iria me acompanhar até a saída. Chorei, me senti como se estivesse roubando alguma coisa. Foi uma falta de respeito muito grande. Ele tem pouco mais de 30 anos, menos de dois anos no Santander. Eu tenho quase 50 anos, mais de 20 de banco”, acrescenta.

Segundo a ex-funcionária, para justificar a demissão o banco alegou falta de adequação ao novo perfil profissional almejado pela instituição. “Sempre tirei notas acima de três, ou seja, por performance não poderia ter sido demitida. Eu não sei qual o novo perfil de profissional que eles querem. Não nos informaram, mas poderiam ter dado cursos, orientado. Não somos descartáveis, podem aproveitar os profissionais ao invés de simplesmente demitir.”

A demissão veio menos de um ano antes do período de estabilidade, que começa a ser contado um ano antes da aposentadoria. Para a ex-bancária, quem mais perde com esse descarte de trabalhadores experientes é o próprio banco.

“Me demitiram faltando sete meses para o período de estabilidade, parece até que fizeram as contas. Deveriam verificar quem realmente veste a camisa e trabalha bem, porque do contrário acabam perdendo bons profissionais. Nunca tive um feedback negativo, já fui trabalhar doente tantas vezes, dediquei minha vida ao banco. Por isso foi realmente inesperado, ainda mais da forma como foi feito. Onde está o lado humano disso?”, questiona.

A diretora executiva Maria Rosani ressalta que esse é apenas um das dezenas de casos idênticos que chegam todos os anos ao Sindicato. “Essas demissões têm caráter discriminatório em que o foco principal são pessoas com salários maiores, mais tempo de casa, muito próximas de entrar na estabilidade pré-aposentadoria. O sonho de todo trabalhador é um dia se aposentar, e quanto está próximo de concretizar isso, o banco arranca esse sonho. É inaceitável essa postura do Santander que, pensando apenas na redução de custo e no lucro a qualquer preço, tratam dessa forma pessoas que se dedicaram ao banco e como prêmio recebem a demissão nessa fase da vida.”

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