Jornal da Tarde
Em três semanas, pelo menos 43 pessoas foram alvo do crime conhecido como saidinha de banco em São Paulo. O número pode ser maior, pois muitas pessoas não chegam a registrar a queixa na polícia quando não são agredidas pelo ladrão. O levantamento obtido pelo JT compreende ataques ocorridos entre 15 de julho e 3 de agosto. No período, um policial civil e uma comerciante foram assassinados pelos criminosos.
Em um dos casos mais recentes, na quinta-feira passada, o delegado do 3.º Distrito Policial de Diadema, Marlon Meira, de 42 anos, foi atingido por três tiros ao sair de um banco em Moema, zona sul. Meira sacou R$ 7 mil no Itaú da Rua Araguari e foi atacado por uma dupla em uma moto Honda Twister, a 100 metros dali. Os criminosos fugiram levando o dinheiro do delegado e uma pistola ponto 40. Meira passa bem.
Levantamento feito pelo JT mostra que de janeiro a julho do ano passado, 12 pessoas foram baleadas em saidinhas na capital – entre elas uma idosa de 68 anos. Pesquisa da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) aponta que São Paulo está em 1º lugar no ranking de mortes envolvendo bancos.
“Entra ano, sai ano, e muitas pessoas continuam morrendo em assaltos envolvendo bancos, o que é inaceitável no setor mais lucrativo do País. Isso comprova o enorme descaso e a escassez de investimentos dos bancos na proteção da vida de trabalhadores e clientes”, diz o presidente da Contraf, Carlos Cordeiro.
Em 27 de julho, o policial civil Itai Guerra, de 46 anos, foi morto após ser assaltado no bairro da Mooca, zona leste. Criminosos exigiram o dinheiro que ele havia sacado em um banco. A vítima foi baleada e morreu a caminho do hospital. Dias antes, a comerciante Silvana Ferreira, de 45, morreu baleada depois de ser abordada por bandidos no Largo São José do Belém, também na zona leste. Os crimes ocorreram em plena luz do dia.
Na semana passada, um fugitivo da Justiça e um adolescente de 14 anos foram detidos após tentarem fazer uma saidinha de banco, às 11h50, na Praça Dom José Gaspar, no centro. O fugitivo estava com um documento de identidade falso. A dupla se aproximou de um administrador que havia sacado R$ 5 mil, mas a vítima não entregou o dinheiro. Os criminosos foram pegos pela PM, que encontrou um arma presa com um elástico na perna do adolescente.
Ocorrências desse tipo são registradas em toda a cidade. Na área do 43.º Distrito Policial (Cidade Ademar), na zona sul, numa investigação sobre esses assaltos na saída dos bancos, o motoboy Poliery Nicacio da Silva, de 20 anos, e Diego Lima da Silva, de 19, foram presos em flagrante no dia 6 de julho por porte ilegal de arma. Os acusados são suspeitos de oito crimes desse tipo na região.
O capitão Cleodato Moisés, porta voz do Comando de Policiamento da Capital (CPC), diz que essa modalidade criminosa é antiga e dificilmente deixará de existir. Segundo o oficial, alguns idosos não abrem mão de fazer os saques e outras pessoas não querem fazer transferências para evitar uma ida ao banco.
A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) afirma que os bancos têm como sua maior preocupação a segurança de clientes e funcionários, “tanto que investem anualmente nos mais variados itens que compõem a segurança quase R$ 10 bilhões”.
Segundo a Febraban, esses investimentos são mais de três vezes superiores ao que era gasto no início da década, o que resultou em queda de roubos a bancos. De 2000 para 2011 houve uma redução de 77,82% no número de assaltos às agências bancárias, que caiu de 1.903 para 422 ocorrências. A entidade não soube informar dados só de saidinha.