Safra é acusado de coação e de contratar detetive para perseguir clientes

Correio Braziliense

A Justiça colocou no banco dos réus o superintendente de Segurança do Banco Safra, Sebastião Jesus Garozzo. Ele é acusado de coação e de ter contratado detetive particular para perseguir clientes que têm conseguido reverter nos tribunais cobranças de dívidas baseadas em contratos assinados em branco.

O investigador, que já foi acusado de homicídio, seguiu armado de revólver, munições, faca e algemas supostamente para fetiche sexual um funcionário de uma loja de calçados em Campinas, no interior de São Paulo.

A instituição do banqueiro mais rico do mundo, o bilionário Joseph Safra, enfrenta uma batalha judicial com os proprietários das lojas Bootco. Os desentendimentos já duram cerca de 10 anos.

Eles discutem cobrança sobre juros na antecipação de vendas com cartão de crédito. Na Justiça, os lojistas têm vencido o Safra e obtiveram decisões que os transformam em credores, em vez de devedores do sexto maior banco privado do país.

O juiz Guilherme Marrey, da 2ª Vara Criminal de Campinas, aceitou a denúncia do Ministério Público em dezembro. O promotor João de Moraes afirma que o superintendente de Segurança do Banco Safra cometeu crime de coação no curso do processo, assim como o sócio da empresa Unit Consultoria Elias Ricardo Alves, contratado pelo banco.

O funcionário da Unit Jefferson Fiúza, preso em flagrante com as armas, e que já fora indiciado por homicídio, é acusado de coação e porte ilegal de armas. Moraes diz que Garozzo objetivou espionar e amedrontar mediante perseguições os ex-clientes.

Também disse que a proposta era levantar informações negativas contra os lojistas a fim de tentar forçar acordos judiciais, já que as sentenças estavam prejudicando os negócios do banco. A perseguição e a grave ameaça aconteceram em novembro de 2012. A Polícia Militar prendeu Fiúza com um um revólver, uma faca, uma barra de ferro e um par de algemas.

As lojas Bootco contrataram crédito para antecipar vendas a uma taxa de 2% a 2,5% ao mês. Mas os negócios foram fechados com contratos em branco, considerados irregulares. E os juros eram o dobro do combinado, conforme depoimento da ex-gerente Denise Artem.

O proprietário diz ter sofrido prejuízos com o processo. “Antes, nós faturávamos R$ 12 milhões por ano. Agora, temos só uma loja que gira R$ 1,2 milhão”, diz Carlos Augusto Gobbo, um dos donos da Bootco. Procurados pelo jornal, o Safra e a Unit preferiram o silêncio.

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