A violência nos bancos não deu trégua aos gaúchos em 2009. O levantamento do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região (SindBancários), com base nas informações da categoria e notícias da imprensa, revelou um total de 127 ataques a instituições financeiras, incluindo assaltos, tentativas, sequestros, furtos e arrombamentos.
Das 127 ocorrências, 36 foram em Porto Alegre e 91 em cidades do interior do Estado, confirmando uma tendência de migração dos casos para cidades de pequeno porte, onde a fragilidade dos equipamentos de segurança dos bancos é maior, além do baixo contingente de policiais.
Os ataques também foram mais planejados no ano passado, com utilização de forte arsenal, inclusive com sequestro de clientes, bancários e população.
Estatística do medo
Dezembro registrou seis ataques, sendo três na Capital e três no Interior. Os números apontam uma queda. Novembro havia apontado 13 ocorrências em todo o Estado.
O mês com o menor número de ocorrências foi janeiro, com quatro, enquanto junho e setembro tiveram os maiores índices do ano, com 15 em cada período.
“Esse levantamento é importante para diagnosticar a violência que trabalhadores e clientes sofrem, a fim de sensibilizar os bancos e os governos a investir mais em segurança”, salienta o secretário de imprensa da Contraf-CUT e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária, Ademir Wiederkehr.
“Esperamos que outros sindicatos também façam estatísticas para que possamos ter dados nacionais sobre essa dura realidade, que coloca em risco a vida das pessoas e causa mortes, feridos e traumatizados”, acrescenta.
Faltam investimentos em segurança
O diretor Jurídico do SindBancários, Lúcio Mauro Paz, representante da entidade no Grupo de Segurança Bancária, coordenado pela Secretaria de Segurança Pública, recorda que o mês de dezembro, por causa do Natal e da maior circulação de dinheiro em razão do 13º salário, é um período de forte incidência de ataques.
“Acredito que a Operação Papai Noel tenha coibido um pouco a ação dos bandidos. Mas cabe lembrar que, de acordo com noticiários da imprensa, os assaltantes de banco estão migrando para condomínios de luxo, o que também é preocupante”, avalia.
“Em 2010, insistiremos para que os bancos apliquem parte de seus bilionários lucros em itens de segurança, para oferecer melhores condições aos bancários, clientes e usuários. Mesmo com a redução nos índices, não podemos descuidar, pois os bandidos estão sempre à espreita”, analisa o dirigente sindical.
A blindagem das fachadas é prevista pela lei municipal de Porto Alegre, mas segue ignorada pelos bancos. Com lucros bilionários, as instituições financeiras utilizam como argumento os altos custos para sua implementação, mesmo que a blindagem represente um investimento na vida.
Outros equipamentos, como câmeras de filmagem ligadas ao sistema de monitoramento da polícia, que permitiriam uma resposta mais rápida e eficaz às ações dos assaltantes, também é uma das medidas defendidas pelos bancários, ao lado da colocação das portas de segurança com detectores de metais antes dos espaços de autoatendimento.