A renda média dos trabalhadores negros nos 39 municípios da região metropolitana de São Paulo cresceu cinco vezes mais do que a dos não negros (brancos e amarelos) de 2002 a 2011, com aumentos de 14,8% e 2,9%, respectivamente. No entanto, na média, os negros ainda recebem salários menores, correspondentes a 61% dos não negros. Em valores, a hora paga aos negros, no ano passado, ficou em torno de R$ 6,28, ante R$ 10,30 para os não negros.
As informações fazem parte da PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego), feita em conjunto pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados) e pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
De acordo com a observação do economista da Fundação Seade, Alexandre Loloian, os dois segmentos étnicos tiveram melhoria em razão do crescimento econômico do país, porém, as ocupações melhor remuneradas continuam, majoritariamente, com os não negros.
“É uma herança do passado”, lembra Loloian. Para ele, isso só vai diminuir com mais investimentos em educação, para que todos concorram em condições iguais no mercado de trabalho.
O economista aponta que as políticas desenvolvidas a partir de um clamor social para mudanças deverão levar, evidentemente, para uma evolução favorável aos negros, no futuro. Como exemplo, citou a política de reservas de vagas aos negros nas universidades públicas.
Emprego
Segundo o economista da Fundação Seade, outro aspecto relevante é que a intensidade da redução da taxa de desemprego foi maior entre os negros. Enquanto, em 2002, 23,6% da População Econômica Ativa (PEA) negra estavam desempregados, a taxa dos não negros era 16,4%, uma diferença de 7,2 pontos percentuais.
Já em 2011, o índice dos negros à espera de vagas era de 12,2% e dos não negros 9,6%, baixando em uma década a diferença em 2,6 pontos percentuais.
Em 2011, no setor de serviços – que engloba em torno da metade da geração de postos de trabalho na região metropolitana de São Paulo -48,8% do total de ocupados eram negros e 54,6% não negros; na indústria, 17,2% negros e 18,4% não negros; no comércio, 16,2% e 15%, respectivamente.
A taxa apresenta uma inversão quando são analisados outros segmentos da atividade produtiva em que a exigência de formação acadêmica é menor, as remunerações são mais baixas e as condições mais precárias, como na construção civil, setor no qual 8,4% são negros e 4,9% não negros. O mesmo ocorre nos empregos domésticos, com taxas de 10,1% e 5,4%.
A pesquisa indica ainda que os cargos no setor público ainda são ocupados, em sua maioria, por brancos e amarelos: 8,6% ante 6,4% dos negros. Na avaliação da Fundação Seade, o motivo para essa diferença pode ser o fato de, aproximadamente, metade dos servidores ter formação superior. Quem tem maior escolaridade acaba tendo mais vantagens na disputa por vagas preenchidas por meio de concurso público.
Com relação a segmentos econômicos mais restritos, como o de empregadores e profissionais liberais, as diferenças entre brancos e amarelos e negros são ainda maiores, com 9,3% ante 3,8%.