(São Paulo) Os debates sobre remuneração foram iniciados na 9ª Conferência Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro com apresentação da economista do Dieese Ana Carolina Tosetti. Em sua exposição, a técnica informou a diferença entre a remuneração fixa – composta do salário, mais 13° salário, férias, além de FGTS, aviso prévio, multa rescisória, adicionais como hora extra e tíquetes – e a variável, que interessa muito aos patrões já que pode ser retirada em intercorrências.
A Participação nos Lucros e Resultados (PLR), por exemplo, é uma forma de remuneração variável sobre a qual não se recolhe encargos (como INSS, Seguro Acidente de Trabalho etc).
Histórico
A remuneração variável cresceu depois de 1995, junto com as fusões entre os bancos e a receita de prestação de serviços, para substituir os ganhos inflacionários que à época eram responsáveis por cerca de 30% a 40% das receitas das instituições financeiras. “Hoje, os bancos compram ou criam empresas responsáveis unicamente por vender produtos por meio das agências”, disse a economista.
Conforme demonstrado pelos estudos do Dieese, os bancos privilegiam alguns trabalhadores na remuneração variável, como os cargos gerenciais, que garantem altos ganhos com a venda de produtos. A injustiça é grande: pelo mesmo resultado, um gerente geral pode receber por mês R$ 7 mil a título de remuneração variável e um escriturário somente R$ 211.
Na apresentação, a economista demonstrou, ainda, que os programas de remuneração dos bancos tornam injusta até a forma de pagamento da participação nos lucros e resultados, já que esses programas são descontados da PLR. Grande parte dos bancários do país recebe salários até R$ 2.800. Assim, o peso desse desconto para os salários mais baixos, ou seja, grande parte da categoria, é muito alto. Daí a importância de conquistas como tíquetes e do debate pela elevação do piso. Além disso, apresenta a necessidade de equilibrar a parte fixa da PLR – que hoje corresponde a 80% do salário – para elevar o valor pago aos que ganham menos.
Fonte: Cláudia Motta – Seeb SP