Reino Unido cria imposto sobre os bônus dos executivos de bancos

Financial Times
Francesco Guerrera, Justin Baer e Megan Murphy

Os bancos americanos arcarão com uma conta total próxima a US$ 2 bilhões nos balanços do segundo trimestre para pagar o imposto criado pelo governo do Reino Unido sobre os bônus concedidos a executivos de bancos – uma despesa que poderia reduzir de forma significativa os lucros de grupos financeiros como Citigroup, J.P. Morgan Chase e Bank of America.

As quantias a serem pagas pelos bancos dos EUA — só o Goldman Sachs pagará mais de US$ 600 milhões – contribuirão para uma arrecadação adicional de 2,5 bilhões de libras esterlinas (US$ 3,7 bilhões) com o imposto, acima do esperado pelas autoridades britânicas.

Para analistas, o imposto será um fator negativo quando os bancos americanos anunciarem no próximo mês seus resultados para o período de abril a junho, o que reduzirá o lucro por ação do Citigroup, J.P. Morgan e Bank of America em cerca de 10% ou mais.

O tributo – criado em 2009 pelo governo britânico anterior em meio à indignação pública com a remuneração dos executivos de bancos – obrigou as instituições do setor a pagar uma taxa única de 50% sobre todas as bonificações no Reino Unido superiores a 25 mil libras, incluindo as concedidas em ações.

Ao contrário de alguns rivais europeus, que para não recorrer aos fundos dos acionistas repassaram parte do imposto aos funcionários na forma de uma remuneração mais baixa, a maioria dos bancos nos EUA pagou o bônus integral, protegendo os executivos de bancos do impacto do tributo.

Em informe a clientes divulgados nesta semana, John McDonald, do Bernstein Research, afirmou que o imposto sobre as bonificações de executivos no Reino Unido foi o motivo pelo qual decidiu reduzir sua estimativa de lucro por ação do J.P. Morgan no segundo trimestre de US$ 0,80 para US$ 0,66. “A maior parte da redução foi pelo imposto sobre os bônus no Reino Unido, que a empresa ainda não revelou, mas que estimamos em US$ 525 milhões.”

Ontem, o J.P. Morgan não quis comentar a questão, mas executivos de bancos disseram a investidores que o custo com o imposto seria “considerável”.

O Citigroup anunciou que terá impacto de US$ 400 milhões com a taxa. Seu lucro por ação trimestral poderia recuar 13%. O Bank of America divulgou que terá despesas em torno de US$ 465 milhões. McDonald disse que o lucro por ação poderá cair mais de 9%.

Goldman Sachs e Morgan Stanley também deverão ter queda no lucro em termos de ações. O Morgan não revelou quanto prevê em custos com os impostos com os bônus. Nenhum dos bancos quis comentar a questão ontem.

Quando o então ministro das Finanças, Alistair Darling, anunciou o imposto em dezembro, foi criticado por prejudicar a competitividade de Londres como centro financeiro mundial. O governo britânico estimou, de início, que levantaria 550 milhões de libras com a taxa, mas depois elevou a projeção para 2 bilhões de libras. Nesta semana, voltou a aumentá-la, para 2,5 bilhões de libras.

Os encargos decorrentes do novo tributo deverão agravar um trimestre que já estava complicado para os bancos americanos. Analistas preveem o fim da tendência de lucros com operações de banco de investimento e negociação de valores.

Houve redução na atividade dos grandes bancos, na esteira dos problemas com os títulos de dívidas soberanas na Europa e as notícias negativas sobre o crescimento da economia dos EUA, o que inquietou os mercados de capitais, deixando investidores e empresas mais afastados nos últimos três meses.

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