‘Queremos estabelecer um calendário de negociação e de mobilização’, diz Vagner

Vagner Freitas, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT) e coordenador do Comando Nacional dos Bancários, fala nesta entrevista sobre as expectativa das negociações com os banqueiros e qual a estratégia que os bancários vão propor na mesa da Fenaban.

Qual a expectativa para as negociações?
Vagner Freitas
– A expectativa é positiva e estamos apostando no processo de negociações. Os bancos estão batendo novos recordes de lucro, mostrando por exemplo uma rentabilidade muito superior à dos bancos norte-americanos como a imprensa tem divulgado, e não há razão para os banqueiros não aceitarem as reivindicações dos bancários. Mas para isso é preciso uma mobilização muito grande da categoria porque os bancos só negociam sob pressão.

E como o Comando pretende conduzir as negociações?
Vagner
– Queremos estabelecer um calendário de negociações com os banqueiros, repetindo a estratégia do ano passado, de discussão por mesas temáticas, que foi muito produtiva. E pretendemos, antes de mais nada, concluir as discussões das mesas temáticas do ano passado que ficaram interrompidas porque foram atropeladas pela discussão dos temas econômicos: saúde e condições de trabalho, igualdade de oportunidades e segurança bancária. É importante que logo no início estabeleçamos um calendário, com tempo definido de discussão de cada tema.

Os bancos, e outros setores empresariais, têm levantado o fantasma da crise e da volta da inflação. Isso vai dificultar a campanha este ano?
Vagner
– Esse é o discurso dos setores conservadores da sociedade, com grande destaque na mídia. Mas não podemos cair nessa conversa. A inflação dos últimos meses não tem nada a ver com demanda e com salário. Foi uma inflação importada, produzida pela alta dos preços de alguns produtos agrícolas e petróleo, mas os seus efeitos já estão diminuindo. Além do mais, o setor financeiro não tem o direito de falar em crise. Está em plena expansão, batendo novos recordes de rentabilidade, e tem total condições de atender às reivindicações dos bancários.

Mesmo nas questões econômicas?
Vagner
– Principalmente nas questões econômicas. Na década passada, os bancários ficaram oito anos tendo reajustes iguais ou abaixo da inflação. Nos últimos quatro anos estamos recompondo aos poucos o poder de compra dos salários, com a conquista de aumentos reais. Essa é a mesma estratégia para este ano. Não vamos nem discutir inflação. Queremos aumento real de salário, para que os bancários se apropriem de uma parte da rentabilidade construída com seu trabalho. Queremos maior participação nos lucros, valorizar os pisos salariais e acabar com as metas abusivas e com o assédio moral.

E as negociações das questões específicas dos bancos federais?
Vagner
– Não queremos repetir o que aconteceu nos dois últimos anos, quando as negociações específicas com o Banco do Brasil, com a Caixa, com o Basa e com o BNB só começaram de fato depois do acordo com a Fenaban. Este ano queremos que as negociações específicas sejam feitas concomitantemente com a da Fenaban.

Este ano haverá mesa única nas negociações com a Fenaban?
Vagner
– Construir a unidade sempre foi o nosso objetivo. Reiteramos nosso apelo e esperamos que todas as confederações e centrais sindicais, inclusive a Contec e a Conlutas, estejam sentadas à mesa única de negociações com a Fenaban, nesta quarta-feira. As cadeiras delas estarão reservadas. A unidade da categoria está acima de eventuais diferenças entre as diferentes concepções sindicais. Queremos que na mesa estejam de um lado os bancários unidos, e do outro os banqueiros.

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