Os Estados do Nordeste vão se unir para intensificar as ações de combate aos recentes de ataque a bancos e caixas eletrônicos na região. A estratégia é atuar nas divisas – dificultando a migração do grupo pelos Estados – e cobrar dos bancos mais ações de segurança.
Mais policiais também devem atuar nos dias de abastecimento das agências e caixas. Segundo levantamento feito pelo UOL, em 2014, foram 155 casos registrados em sete dos nove Estados até a metade de março.
Na Bahia ocorreram 46 casos, segundo contabilidade do Sindicato dos Bancários. Na Paraíba, foram 31 ocorrência, Alagoas vem em seguida 25, enquanto Maranhão (21 casos) e Ceará (14) fecham a lista dos mais atacados. Pernambuco, com seis casos, e Piauí, com outros três, tiveram menor número de ataques.
O UOL não conseguiu dados de Sergipe e Rio Grande do Norte, onde pelo menos nove ocorrências foram registradas, segundo consulta da reportagem a portais de notícias locais.
Os assaltos a banco, com a entrada do bando com a agência aberta e com funcionários e clientes rendidos, apavoraram o Nordeste entre os anos 80 e 2000, mas perderam espaço com a desarticulação de quadrilhas.
Nos últimos anos, o crime contra instituições financeiras migraram para a modalidade arrombamentos e explosões de caixas eletrônicos. Antes crimes como ataques a carros forte eram os mais comuns.
Nos últimos dias, os ataques a caixas eletrônicos, com explosões, se tornaram comuns, especialmente em pequenas cidades. Em Macaúbas (453 km de Salvador) , os assaltantes chegaram a cortar a energia da região central da cidade para explodir os equipamentos do Banco do Brasil.
Os ataques dos assaltantes são sempre idênticos: eles cercam as delegacias e companhias da Polícia Militar das pequenas cidades, vão ao banco e, após o roubo, fogem efetuando disparos, deixando um rastro de medo entre os moradores.
A tática de ataques já ficou conhecida no Nordeste como “novo cangaço”, em referência ao bando do cangaceiro Lampião, que atuou durante o início do século 20.
Aumento de casos
Os dados apontam para um crescimento de ocorrências nos últimos meses.
Nesta quarta-feira (19), o presidente do Conselho de Segurança Pública do Nordeste e secretário de Defesa Social de Alagoas, Eduardo Tavares, vai receber representantes dos banqueiros e bancários, em Maceió, para cobrar mais investimentos e ações no combate esta prática por parte das empresas.
Uma das táticas que devem ser iniciadas imediatamente é o aviso do dia de abastecimento dos caixas eletrônicos.
“Queremos mostrar que é uma questão intimamente ligada ao dono do banco. É também uma questão de polícia, porque não podemos admitir que uma vida se perca, mas o problema é dos bancos, que têm de cumprir o que a lei manda. O dinheiro dele está segurado, o prédio também. Mas ele parece não se preocupar tanto com a proteção da vida de clientes e funcionários”, afirmou Tavares.
Uma só quadrilha
Tavares afirmou que os assaltantes atuam de foram organizada na região. “A quadrilha sai migrando de acordo com o arrocho do Estado. Por isso, vamos intensificar as fronteiras em estratégia entre as seguranças públicas do Nordeste”, disse.
Em maio, um encontro deve reunir todos os secretários de segurança da região para debater o assunto. “Convoquei uma reunião para os dias oito e nove de maio, e o assunto prioritário vai ser assaltos a bancos. Precisamos frear essas ocorrências, que levam verdadeiro terror às cidades”, disse Tavares.
Segurança eletrônica
Segundo Wellington Trindade, secretário de Saúde e Segurança do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, os bancos investem alto apenas em segurança eletrônica.
“Tem um grande investimento, agora o filão é a segurança eletrônica. A segurança dos clientes e dos bancários é sempre vista em segundo plano, tendo vem vista que o custo é maior, e eles jogam a responsabilidade para o poder público”, disse.
Procurada pelo UOL, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) afirmou que não tem estatísticas de quantas ocorrências foram registradas este ano, mas disse que as empresas vêm aumentando os investimentos em segurança.
Em 2013, os bancos teriam investido R$ 9 bilhões em segurança, o maior da história.
“Esses investimentos crescentes, aliados a uma série de medidas preventivas, produziram uma redução expressiva dos assaltos no Brasil, de 56% entre 2002 e 2012”, disse, em nota.
A federação disse que os caixas nas áreas de autoatendimento “são oferecidas voluntariamente pelos bancos à população, que assim dispõe da conveniência de utilizar caixas automáticos além do horário de expediente.”