São Paulo – As condições de trabalho para os funcionários do Call Center do Real pioraram consideravelmente nos últimos meses, sobretudo do início de dezembro para cá, quando entrou em vigor as novas regras para este tipo de serviço.
Uma bancária do departamento conta que é assustadora a visível degradação do ambiente. A funcionária, que terá a identidade preservada para não sofrer represálias, diz que a sobrecarga de trabalho aumentou, assim como o número de horas extras, e diminuiu o tempo de folga. A extrapolação da jornada, aliás, tem sido obrigatória, imposta com muito assédio moral.
“Antes, nós tínhamos uma pausa para o lanche quando fazíamos hora extra. Agora, este tempo chamado de descompressão, de relaxamento, acabou e as horas extras aumentaram. Além disso, o clima de terror no Call Center é enorme, existem boatos de que vão ocorrer demissões em massa e ninguém desmente. Até mesmo os supervisores parecem assustados e desinformados com relação ao futuro”, conta a funcionária.
Por causa desses e de outros problemas que estão prejudicando as condições de trabalho e a saúde dos funcionários do Call Center do Real, o Sindicato dos bancários de São Paulo (Seeb SP) realizou nesta quinta-feira, dia 15, um ato de protesto em frente ao prédio da Barra Funda. Com megafone em punho, os dirigentes sindicais denunciaram o descaso da coordenação de diversas áreas do departamento e exigiram o cumprimento o acordo firmado com o Real.
Segundo Marcelo Gonçalves, diretor do Sindicato, os problemas enfrentados pelos funcionários do Call Center já foram discutidos com o Real, que firmou um acordo com os trabalhadores para resolvê-los. “O problema é que os gestores de muitas áreas não têm cumprido o acordo e, com isso, há um número muito grande de hora extra obrigatória e a folga referente não está sendo respeitada. Muitos funcionários cursam faculdade ou têm outros compromissos e não podem trabalhar além da jornada. Mas os gestores ameaçam, inclusive com assédio moral, e obrigam os trabalhadores a fazer hora extra, esquecendo-se que há vida além do banco”, explica Marcelo.
Demissões – Segundo a bancária do Call Center, em vez de criar condições para se adaptar à nova legislação, o Real tem demitido vários funcionários. “O clima é o pior possível e, além da sobrecarga de trabalho, o Real mudou aspectos do sistema operacional, que agora está dando problema. Eu, por exemplo, sou responsável pelo atendimento à pessoa jurídica, mas vivo recebendo ligações de pessoa física. Antes não acontecia isso, que está atrapalhado ainda mais o nosso trabalho. Outro problema é que muitos funcionários têm sido obrigados a atender as ligações do SAC (Serviço de Atendimento ao Cliente). Com certeza, o tempo de espera para o atendimento aumentou depois que a lei entrou em vigor”, comentou.