Proteger a vida é a preocupação central do debate sobre segurança bancária

Carlos Fernandes e Patrícia Meyer
Rede de Comunicação dos Bancários

A preocupação com a vida dos bancários, clientes e vigilantes dominou os debates no Encontro Temático sobre Segurança Bancária, no primeiro dia da 11ª Conferência Nacional dos Bancários, que começou nesta sexta-feira, em São Paulo.

Para iniciar os debates, a Contraf-CUT apresentou o resultado da pesquisa sobre a percepção dos bancários em relação à segurança e também as autuações feitas pela Comissão Consultiva para Assuntos de Segurança Privada (CCASP) aos bancos que desrespeitaram a legislação de segurança.

> Saiba mais: Ministro da Justiça recebe projeto de segurança dos bancários e vigilantes

Durante o encontro, os representantes de bancários e vigilantes denunciaram o descaso das instituições financeiras com a segurança, expondo trabalhadores e população aos riscos da violência. “Defender a vida dos clientes e trabalhadores tem que ser nossa prioridade. Nada adianta discutir emprego, remuneração e outros temas se os trabalhadores estão vulneráveis no seu local de trabalho”, afirma o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro.

O presidente da Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV), José Boaventura, que participou da mesa de debates, ressaltou a importância de cobrar a atualização da lei nº 7102/83, que determina regras mínimas para o funcionamento dos estabelecimentos financeiros e que prevê o fechamento de agências que não tenham um plano de segurança aprovado pela Polícia Federal. “Os bancos querem retirar a palavra ‘obrigatoriedade’ da lei e manter o funcionamento normal das agências mesmo sem condições mínimas de segurança”, afirmou Boaventura. “O que eles querem é ficar livres da fiscalização.”

‘Preservar a vida, em vez do patrimônio’

Sem o plano de segurança ou apresentando irregularidades como descumprimento das determinações do mesmo, inoperância de itens ou não renovação perante a Polícia Federal, as agências deveriam ser interditadas. “Defendemos a preservação da vida dos trabalhadores e clientes e não do patrimônio dos bancos”, disse Ademir Wiederkehr, secretário de Imprensa da Contraf-CUT. “Infelizmente, isso acontece em poucos casos.” De acordo com os dados da CCASP, a inexistência de plano para as agências é a principal infração cometida pelos bancos.

Outras questões também foram abordadas como o transporte de valores e abastecimento de caixa eletrônico efetuados sem segurança por trabalhadores bancários, portas com detectores de metais antes do auto-atendimento, aumento do número de vigilantes armados e com coletes de segurança. Há também a preocupação de que as agências criem um espaço exclusivo destinado ao estacionamento dos carros-fortes. O objetivo é de trazer mais segurança para vigilantes, clientes e pessoas que estão circulando nos arredores das agências, evitando transtornos no momento de carregar ou descarregar valores do veículo.

A atuação da Polícia Federal foi lembrada pelos bancários e vigilantes com críticas. A instituição responsável pela fiscalização da segurança nos estabelecimentos bancários soltou uma portaria que prorroga a validade dos atuais planos de segurança até o final de 2010. Pode?

Trabalhadores querem atualização da lei

Daniel Reis, diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região, defendeu perante os demais delegados a urgência da atualização da lei de segurança. Reis lembrou que a Contraf-CUT e a CNTV, que também integra a CCASP, entregaram um projeto de lei de segurança privada, no último dia 14, ao ministro da Justiça, Tarso Genro.

No documento constam itens prioritários que foram esquecidos pelo projeto anterior apresentado pela Polícia Federal. Dentre eles, a ampliação dos equipamentos de prevenção, como a obrigatoriedade da porta com detector de metais e câmeras, a intensificação da segurança no transporte de valores e medidas para garantir a proteção da vida de clientes e trabalhadores também nos correspondentes bancários.

Para que as agências bancárias tenham mais segurança Reis também considera essencial que os sindicatos intensifiquem as denúncias, exigindo que a Polícia Federal realize perícia nas agências bancárias.

Daniel Reis aponta que o objetivo dos trabalhadores em relação à segurança é denunciar as irregularidades cometidas pelos bancos. “As instituições financeiras querem jogar a responsabilidade da segurança do seu patrimônio para a sociedade. Isso é inaceitável. Estamos denunciando essa postura”, diz.

Ação coordenada

Marco Aurélio Cruz, dirigente do Sindicato dos Bancários de Curitiba, reitera a afirmação de Reis de que é preciso intensificar as notificações e os pedidos de fiscalização. Para ele, a Contraf-CUT e as demais federações de todo o país precisam continuar incentivando que os sindicatos percorram as agências de suas bases para verificar os itens de segurança.

“É necessária uma ação sistematizada e contínua nas agências. Cada sindicato deve se organizar para conversar com os bancários e vigilantes, levantando as informações de forma mais fidedigna possível”, comentou.

A convicção do dirigente de que este trabalho deve ser feito de forma “silenciosa” é justificada pela óbvia resistência dos gerentes em transmitir oficialmente estas informações para os sindicatos. Cruz também defende que as denúncias devem partir de uma ação conjunta entre bancários e vigilantes, o que daria ainda mais peso para a iniciativa.

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