Projeto-piloto de segurança bancária avança, mas continua incompleto

Grupo de trabalho discutiu medidas que serão testadas em Pernambuco

O projeto-piloto de segurança bancária avançou durante a reunião do grupo de trabalho, integrado por dirigentes da Contraf-CUT, federações e sindicatos e por representantes dos bancos, realizada na manhã desta terça-feira (27), na sede da Fenaban, em São Paulo.

Os bancos concordaram em incluir novos procedimentos, como guarda-volumes no autoatendimento das agências, câmaras internas nos postos de atendimento bancário (PABs) e local específico para estacionamento de carro-forte para abastecimento das unidades. Eles também propuseram a formação de um grupo bipartite, com reuniões trimestrais, para acompanhar a evolução do projeto-piloto, cujo prazo de duração não será menor que um ano.

A Fenaban anunciou a extensão do projeto-piloto para as cidades de Olinda e Jaboatão dos Guararapes, conforme fora indicado nas negociações da Campanha Nacional dos Bancários 2012.

Na negociação ocorrida no último dia 7 com o Comando Nacional dos Bancários, os bancos haviam apontado somente Recife. Além disso, eles propuseram a instalação de portas de segurança com detectores de metais depois do autoatendimento, biombos em frente aos caixas e câmeras internas e externas nas agências.

Outra medida anunciada foi a redução das tarifas de transferência (DOC e TED) nos caixas para o mesmo valor cobrado via internet, bem como a diminuição do limite do TED, passando agora de R$ 3 mil para R$ 2 mil e a partir de março de 2013 para R$ 1 mil.

Avaliação

“A proposta de projeto-piloto da Fenaban caminhou mais um pouco, mas é preciso que haja mais avanços. É preciso experimentar mais equipamentos e medidas que bancários e vigilantes têm defendido nos últimos anos para prevenir assaltos e sequestros”, avalia Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional. “Os lucros gigantescos dos bancos permitem ampliar os investimentos em segurança e proteger a vida de trabalhadores e clientes”, destaca.

Os bancários chamaram a atenção para a existência de lacunas na proposta da Fenaban. “Precisamos reforçar a segurança das fachadas externas, mediante a blindagem. Banco não é butique. Os vidros das agências são muito frágeis. Também é preciso incluir medidas contra sequestros, como o fim da guarda das chaves por bancários e a abertura e fechamento das unidades por empresas especializadas em segurança, como alguns bancos já estão fazendo”, salienta Ademir Wiederkehr, secretário de imprensa da Contraf-CUT e coordenador do Coletivo Nacional.

“A porta de segurança precisa ser instalada antes do autoatendimento nas agências. Nesse espaço ocorre hoje a maioria das operações. Os bancários e o vigilante que ali trabalham, os clientes e os usuários não podem continuar desprotegidos”, afirma Juvandia Moreira, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo. Ela defende também a colocação da porta de segurança nos postos de atendimento.

O horário estendido de alguns bancos também preocupa os bancários. “As agências que estão permanecendo abertas até as 20h ficaram mais vulneráveis, aumentando o risco para trabalhadores e clientes”, enfatiza Jaqueline Melo, presidente do Sindicato dos Bancários de Pernambuco. Ela reitera também a importância da isenção das tarifas da TED e DOC para combater o crime da “saidinha de banco”.

Propostas dos bancários

Os bancários reafirmaram a necessidade de que os bancos incluam no projeto-piloto o conjunto de reivindicações, elaboradas pelo Comando e pelo Coletivo Nacional de Segurança Bancária e apresentadas na negociação.

Os bancos alegaram dificuldades. Além das medidas anunciadas, eles ficaram de avaliar a instalação de divisórias entre os caixas eletrônicos no autoatendimento. Trata-se de uma medida que visa garantir a privacidade dos clientes.

Veja as propostas dos bancários:

– implantação do projeto-piloto em agências e postos de atendimento bancário;
– porta de segurança com detector de metais antes do autoatendimento;
– câmeras internas e externas com monitoramento em tempo real fora do local controlado;
– vidros blindados nas fachadas externas;
– biombos opacos entre a fila e a bateria de caixas;
– divisórias opacas entre os caixas, inclusive os eletrônicos no autoatendimento;
– mais funcionários nos caixas para reduzir as filas e evitar a ação de olheiros;
– isenção das tarifas de transferência de recursos (DOC, TED);
– fim da guarda das chaves pelos bancários para evitar sequestros;
– abertura e fechamento das agências e postos por empresas de segurança para combater sequestros;
– presença de vigilantes em toda jornada de trabalho dos bancários;
– guarda-volumes antes da porta de segurança para evitar constrangimento de clientes;
– abastecimento dos caixas eletrônicos no autoatendimento na parte traseira e em local fechado;
– escudo com assento para vigilantes nas agências e postos de atendimento;
– local específico para estacionamento do carro-forte para abastecimento das unidades.

“Queremos ainda que a Fenaban abra uma agenda com a Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV) para discutir as propostas que envolvem essa categoria, como a colocação de escudo com assento para os vigilantes nas agências e postos de atendimento”, conclui Cordeiro.

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