(São Paulo) Implantado recentemente pelas superintendências do ABN Real como projeto piloto em São Paulo, e que poderá chegar em todo o país, o projeto de 2 agências para apenas 1 gerente operacional, vem sendo usado para realizar demissões, aumentar a carga de trabalho e desestimular os bancários.
Pelo projeto, já implantado em cerca de vinte locais de trabalho, um gerente operacional/administrativo fica responsável por duas agências de pequeno ou médio porte.
Com isso, além de achatar a massa salarial, substituindo um gerente operacional por um supervisor, passa a existir mais sobrecarga de trabalho para todos os funcionários da agência, principalmente o supervisor de operação que acumulará mais funções.
E o único aumento que esses profissionais terão será do estresse e de um maior risco de doenças relacionadas ao trabalho, que poderá atingir a todos.Também ocorrerá um desestímulo profissional, porque passam a existir menos oportunidades de ascensão nas agências.
“Este projeto está sendo implementado sem qualquer discussão e negociação com os trabalhadores. E esta situação deteriorará ainda mais as já ruins condições de trabalho. É querer dobrar a loucura que já existe hoje, em que para cumprir metas de SMART – intensificadas pelo projeto ARTE, para realizar as vendas de produtos durante toda a semana, oferecer um atendimento de excelência do cliente e administrar os negócios da agência, os gerentes operacionais, bem como, os supervisores de operação, os sub-gerentes, caixas e gerentes de relacionamento, e até mesmo o gerente geral, ficam com problemas de saúde, entram em depressão”, diz Marcelo Gonçalves, funcionário e coordenador da Comissão Nacional dos Bancários no ABN.
Demissões
Outro ponto inadmissível do projeto é que, para reduzir custos, estão sendo demitidos profissionais com 20, 25 anos de trabalho na empresa e que têm os maiores salários. Procurada, a direção do banco afirmou que “tem abertura para discutir o tema”.
Mas uma grande preocupação do movimento sindical é que estas medidas possam fazer parte do processo de corte definido pela matriz, na Holanda, que propõe reduzir 500 postos de trabalho na América Latina.
“Pelos resultados que vem obtendo e pelo excesso de trabalho que já existe, em lugar de demitir, a direção do banco tem de voltar atrás nessa prática e contratar mais funcionários nas agências. Estaremos procurando novamente o banco para cobrar negociações e soluções para superar a situação gerada pelo projeto 2 por 1. Queremos condições dignas de trabalho para um melhor qualidade de vida”, completa Marcelo.
Fonte: Fábio Michel – Seeb SP