Professor vira refém e é morto em tiroteio após ataque a bancos em MG

Um refém está entre os mortos no sábado (22) durante operação da Polícia Civil de São Paulo contra quadrilha especializada em explosão de caixas eletrônicos, de acordo com o Departamento de Investigações sobre Crime Organizado (Deic). O delegado Ruy Ferraz Fontes afirma que o professor Silmar Madeira, de 31 anos, morto em Itamonte (MG), no Sul de Minas Gerais, foi usado como escudo por um dos criminosos.

“Silmar era refém da situação”, disse o delegado em entrevista ao G1. Ruy Ferraz, que é responsável pela Divisão de Crimes Contra o Patrimônio do Deic, ressaltou que o tiroteio ocorreu à noite, às margens de uma estrada e em uma área de matagal. “Foi um tiroteio intenso, que durou 25 minutos, uma situação de guerra. Para nós, todos eram criminosos naquele momento”, disse o delegado.

Ruy disse acreditar que o tiro que matou o professor foi dado por um criminoso, porque o buraco do ferimento estava nas costas do professor. Entretanto, ele ressaltou que apenas a perícia vai definir quem foi o responsável pelo disparo.

Cerco policial

Cinco suspeitos foram presos e outros nove morreram no confronto com a polícia. Um dos suspeitos feridos morreu nesta segunda-feira (24). A operação policial contou com cerca de 200 policiais civis e militares de São Paulo e Minas Gerais. Eles surpreenderam uma quadrilha de 20 assaltantes no momento que eles tentavam atacar mais duas agências.

O delegado afirma que, desde o começo do ano, a quadrilha explodiu caixas eletrônicos em ao menos seis cidades do interior paulista. A estratégia do grupo, composto por até 25 homens, chamou a atenção da polícia: ele optava por municípios com baixos índices de criminalidade e com poucos policiais.

Sempre em diversos veículos, encapuzados, com comunicadores, coletes à prova de balas e fuzis, os criminosos cercavam a cidade escolhida durante a madrugada. Parte deles seguia para a base da PM e disparava em sua direção, impossibilitando os policiais de reagirem.

Sem a polícia para intervir, outra parte dos criminosos seguia para agências bancárias. Nelas, eles instalavam dinamite roubada de pedreiras e explodiam os caixas eletrônicos. Com o dinheiro em mãos, fugiam sem ser perseguidos. “Eles apresentavam tática militar e estratégia previamente planejada”, disse o delegado.

Na última quinta-feira (20), o setor de inteligência da polícia descobriu, por meio de escutas aplicadas em um dos integrantes do grupo, que o próximo alvo seria Itamonte ou Itanhandu, em Minas Gerais. “Fomos em 45 policiais para a região e nos unimos à polícia de lá.”

Os agentes fizeram uma barreira na BR-354, que passa por Itamonte, e se concentraram em pontos estratégicos. Quando a quadrilha entrou na cidade, encontrou os policiais e houve confronto. Seis suspeitos morreram. Segundo a polícia, quatro criminosos, em dois veículos, tentaram escapar pela estrada, mas encontraram a barreira formada pelos investigadores do Deic.

Em um dos carros estava o professor, mantido refém por dois assaltantes. Os criminosos dispararam na direção dos agentes, que revidaram. Um deles morreu na hora. O seu comparsa saiu do carro com o refém como o escudo. Os dois morreram em seguida.

A outra dupla que fugiu pela estrada conseguiu escapar pelo mato, mas foi localizada no domingo (23), em São José dos Campos, no Vale do Paraíba. De acordo com a polícia, Diogo de Sousa e Deusdete Pereira atiraram contra policiais. Sousa morreu e Pereira foi preso.

A identidade de outros oito suspeitos mortos ainda não foi confirmada. A polícia também prendeu Joenso Varela de Araújo, Marcis Siqueira Rubim, Tiago Aikawa Padilha e Alfredo Luís Mancini. O G1 não localizou a defesa dos suspeitos para comentar as acusações.

Ao menos cinco pessoas estão foragidas, segundo o delegado do Deic.

Testemunhas viram abordagem

Na ação realizada em Itamonte, testemunhas disseram que o professor Silmar Madeira foi rendido por um dos bandidos em fuga, que tomou o carro do professor e o levou como refém.

A mãe do professor disse que, na hora do tiroteio, o filho tinha saído da casa da namorada e retornava para a cidade de Itanhandu, onde morava, que fica a 15 quilômetros. Ele deixou duas filhas, uma de 6 anos e outra de 6 meses. O corpo do professor foi sepultado na tarde de domingo.

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