Filas de até 1h23 levaram o Procon a autuar por “má prestação do serviço relacionada à demora do atendimento aos consumidores” 29 agências em São Paulo. O Bradesco teve o maior número de unidades autuadas (19), seguido do Santander (5), BB (3) e Caixa Econômica Federal (2). A operação, feita em diversas regiões da capital paulista, foi realizada neste mês.
As multas podem chegar a R$ 7,4 milhões. É o que informa a reportagem publicada nesta segunda-feira (26) pelo portal UOL. Segundo o Procon, a maior espera registrada foi de 1h23 no atendimento preferencial, em dia de pico, na agência do Bradesco na Estrada do Campo Limpo. Essa agência também teve a maior demora na fila verificada pela fiscalização no atendimento comum: 1h09.
A equipe de fiscalização monitorou um total de 83 agências, as quais tinham queixa registrada por consumidores no atendimento do Procon.
Para Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT, as autuações comprovam a falta de respeito dos bancos com os clientes e com os trabalhadores em sua política nociva de demitir e extinguir postos de trabalho.
Gestão do lucro prejudica bancários e clientes
O Bradesco lucrou R$ 3,473 bilhões no primeiro trimestre de 2014, porém eliminou 944 empregos no período, totalizando 3.248 nos últimos 12 meses. Já o Santander lucrou R$ 1,428 bilhão nos primeiros três meses do ano, mas cortou 970 vagas, totalizando 4.833 nos últimos 12 meses.
O BB, por sua vez, lucrou R$ 2,648 bilhões no primeiro trimestre. No entanto, cortou 43 empregos no período, totalizando o fechamento de 1.492 vagas nos últimos 12 meses. O banco inaugurou 24 agências, somando 83 nos últimos 12 meses. O quadro de funcionários caiu de 113.665 em março de 2013 para 112.173 em março deste ano.
“Só depois de muita pressão conseguimos incluir no acordo coletivo uma cláusula exigindo a contratação de 3 mil bancários. Mas o banco faz concurso e não convoca os aprovados, isso acontece em diversas cidades e regiões do país, em um total desrespeito com a população. O Banco do Brasil cresce em sua atuação no mercado, aumenta o numero de agências e reduz funcionários. O resultado só pode ser esse: bancários trabalhando acima do limite, colocando em risco sua saúde, e clientes sofrendo com as filas” afirma William Mendes, secretário de Formação da Contraf-CUT e coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB
Na Caixa, as contratações realizadas ainda são insuficientes para a grande demanda de serviços ocasionada pelo crescimento do crédito e também pelo aumento do número de agências e postos de atendimento. “Enquanto o número de clientes cresceu 10,8% e o número de contas aumentou 12,4% em um ano, a quantidade de postos de trabalho se expandiu bem menos (5,2%) no mesmo período”, destaca Cordeiro.
“A falta de funcionários, tanto em bancos privados quanto públicos, sobrecarrega os demais bancários, que trabalham em ritmo alucinante e ainda sofrem com a pressão para o cumprimento de metas, que levam ao estresse e ao adoecimento. Essa política só pode resultar em filas e mau atendimento à população”, ressalta o presidente da Contraf-CUT.
Como foi feita a fiscalização
Durante a fiscalização, o Procon-SP considerou diversos itens: quantidade de guichês disponíveis, caixas em funcionamento, quantidade de consumidores na fila, quantidade de terminais existentes no autoatendimento e presença de orientadores.
Para as autuações o Procon se baseia em compromisso firmado entre as instituições financeiras e a Febraban, que indica o tempo máximo de espera – período compreendido entre a entrada do consumidor na fila e o início do seu atendimento.
Esse período é de 20 minutos para dias normais e de 30 minutos para dias de pico. O monitoramento aconteceu tanto em dias de pagamento como nos outros dias normais.