A Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados realiza nesta quarta-feira (4) um seminário para debater a situação e as diretrizes do governo com relação às empresas públicas. O evento é uma iniciativa pluripartidária e de diversas frentes de movimentos sociais, entre elas a Brasil Popular e o Povo Sem Medo, com o objetivo de identificar as ameaças e programar uma agenda unitária de mobilização institucional e popular em defesa da soberania nacional.
O evento analisará os riscos e ameaças à soberania nacional, que surgem a partir da estratégia governamental de privatização de empresas públicas, de mercantilização de serviços públicos (educação, saúde e seguridade) e de entrega de riquezas naturais, em especial, os minérios, o petróleo, o bioma amazônico, a água e os territórios dos interesses de países e corporações estrangeiras. “Queremos analisar também como essa estratégia de governo impacta na educação, na produção de conhecimento científico nacional e na desestruturação do setor industrial brasileiro”, ressalta o folheto do divulgação do seminário.
Empresas são lucrativas
“O governo reclama que não tem dinheiro pra nada e que, por isso, quer privatizar tudo o que for possível. Mas, muitas das estatais são lucrativas. Contribuem para reduzir o déficit do governo. Sem elas, o governo vai ter menos dinheiro ainda para fazer o que precisa ser feito”, afirmou Juvandia Moreira, presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), que compõe a Frente Brasil Popular.
O Banco do Brasil, por exemplo, obteve um lucro de R$ 8,679 bilhões no primeiro semestre de 2019, crescimento de 38,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. A Caixa Econômica Federal também foi lucrativa, alcançando um lucro de R$ 7,5 bilhões no mesmo período. A estatal mais lucrativa, no entanto, é a Petrobras, que no segundo trimestre de 2019, obteve ganhos recordes de R$ 18,9 bilhões.
Papel estratégico
“Além disso, estas empresas exercem papel fundamental para a manutenção da soberania nacional. Os bancos públicos, por exemplo, foram utilizados em 2009 para amenizar os impactos da crise econômica, fornecendo crédito para as empresas e a população de forma geral. E, em 2012, para promover a redução dos juros”, explicou a presidenta da Contraf-CUT. “Sem contar no importante papel que eles têm para o desenvolvimento regional e para a execução de programas governamentais, como o Fies, o Minha Casa, Minha Vida e o Bolsa Família”, completou.
Juvandia ainda lembrou a importância dos bancos públicos para a oferta de serviços bancários e o atendimento à população. “Os bancos privados não têm interesse em manter agências em muitas cidades brasileiras. Estas somente são atendidas graças aos bancos públicos. Sem eles, as pessoas precisariam se deslocar por longos trechos para contar com serviços bancários”, disse. “A economia local também é prejudicada. Até por questões de segurança, compras e outras transações comerciais são realizadas nas cidades onde os saques são realizados”, finalizou a presidenta da Contraf-CUT.
Programação
Além dos bancários, professores e outros profissionais da educação, juristas, cientistas, estudantes, religiosos, movimentos sociais e populares participarão do evento, que será realizado no auditório Nereu Ramos da Câmara dos Deputados, em Brasília, das 9h às 19h. Além do desenvolvimento econômico e soberania nacional, estarão em debate questões relacionadas às privatizações (em bancos, Correios, Eletrobrás, Petrobras e na Previdência), meio ambiente, ciência e tecnologia e educação. A ideia é aprovar um manifesto e encaminhamentos para a construção de um movimento nacional em Defesa da Soberania Nacional.
O debate sobre as privatizações continua na quinta-feira (5). A Central Única dos Trabalhadores de Brasília realizará uma “plenária sindical contra as privatizações de Bolsonaro”. A atividade acontecerá das 9h às 14h no Teatro do Sindicato dos Bancários de Brasília, que fica na EQS 314/315 bloco A Asa Sul.