(Brasília) O governo brasileiro será o primeiro a convocar uma conferência nacional exclusivamente voltada para discutir os assuntos relacionados à comunidade gay, lésbica, bissexual e transgênera (GLBT), segundo o Programa Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde. O encontro será realizado entre os dias 6 e 8 de junho, no Centro de Eventos Brasil 21, em Brasília.
De acordo com o secretário-adjunto do programa, Eduardo Barbosa, o evento deve reunir cerca de mil participantes. “Nós acreditamos que essa conferência vai possibilitar que essa população tenha, por parte de todo o governo federal, respostas mais amplas, e respostas mais amplas respondem também às questões de saúde, de pobreza, de trabalho, da educação, elas favorecem enormemente a que as pessoas tenham mais prevenção e mais atenção em saúde”, afirma Barbosa.
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis, vão ser eleitos nas conferências estaduais 600 delegados, sendo 40% ligados ao governo e 60% à sociedade civil. A previsão é de que 90 municípios brasileiros realizem conferências locais.
Reis avalia a situação da comunidade GLBT no Brasil como “muito triste”. Ele cita uma pesquisa da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) apontando que 40% dos adolescentes não gostariam de ter um amigo gay em sala de aula e que 60% dos professores não sabem lidar com a situação na escola. Há ainda 2,8 mil casos de homossexuais que foram barbaramente assassinados nos últimos anos.
“Essas estatísticas mostram que nós precisamos trabalhar o preconceito. Foram feitas pesquisas em três grandes paradas, na de São Paulo, Rio de Janeiro e Recife, e levantamos que 70% da comunidade gay dessas paradas já sofreu algum tipo de discriminação, algum tipo de preconceito.”
O presidente da associação espera que conferência possa gerar políticas públicas para diminuir a discriminação e o preconceito, que em longo prazo produzam uma mudança cultural na sociedade.
“Não queremos aceitação, se nos aceitarem vai ser maravilhoso, mas o respeito à nossa condição é fundamental. Então, neste sentido, esperamos que a gente possa discutir – sociedade e governo – para chegarmos a um denominador comum e que a gente possa ser feliz, é o que nós desejamos.”
Mais informações sobre a 1ª Conferência Nacional de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (GLBT) podem ser encontradas nos sites www.abglt.org.br e www.sedh.gov.br.
Fonte: Agência Brasil