Pressão da CUT-SP faz governo cancelar leilão da Cesp

Diante da pressão da Central Única dos Trabalhadores-SP e de representantes dos movimentos sociais, o governador José Serra desistiu da privatização da Companhia Energética de São Paulo (Cesp). Ao menos, por enquanto.

O leilão que aconteceria nesta quarta-feira (26), na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) foi cancelado porque nenhuma empresa interessada na compra da companhia depositou, até às 12h de hoje, o valor de R$ 1,74 bilhão exigido como garantia de pagamento.

Segundo Serra, as empresas tentaram, até o fim, diminuir o valor estabelecido pela compra da estatal (R$ 15 bilhões).Mas, sob pressão dos movimentos sociais, não obtiveram sucesso. Com o fracasso, os compradores – CPFL, Neoenergia, EDP Energia do Brasil, Tractebel e Alcoa – buscaram negociar uma linha de crédito com o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES).

Porém, a CUT-SP e demais entidades da Frente Paulista Pelos Serviços Públicos e Contra a Privatização ameaçaram ingressar com uma ação para impedir o banco de financiar a “simples” mudança de controle da Cesp. As atuais regras do órgão estabelecem que o dinheiro pode subsidiar somente o ingresso de grupos que atuem na construção de novas usinas para aumentar a oferta de energia no país.

Para Edílson de Paula, presidente da CUT-SP, agora o governo terá que discutir com a população a entrega do patrimônio estatal. “Ficamos satisfeitos com essa grande vitória dos trabalhadores. Espero que a situação mostre ao governador que só se governa um Estado com a participação da população”, apontou. O dirigente referiu-se a ação dos parlamentares ligados à José Serra que trabalharam para impedir a realização de audiências públicas na Assembléia Legislativa de São Paulo (Alesp).

Na luta

As entidades da Frente estiveram na manhã desta terça-feira (26) nas estações de Metrô de São Paulo com o objetivo de alertar a população sobre o risco de aumento de tarifas e apagão, como aconteceu na primeira semana de março. Na ocasião, cerca de 3 milhões de moradores de São Paulo, Taboão da Serra e Embú ficaram sem energia elétrica, durante uma hora, na área sob concessão da Companhia de Energia Elétrica Paulista (Cteep), uma das concessionárias para a qual o governo do PSDB entregou uma parte da energia paulista.

Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Energéticos do Estado de São Paulo (Sinergia)-CUT/SP, que ingressou com uma ação popular contra o ‘barateamento’ do valor da companhia, Gentil de Freitas apontou que a atuação do governo federal foi fundamental para o desfecho da venda. “Essa foi a terceira tentativa de privatização. As duas anteriores foram em 2000 e 2001. Porém, no governo Lula, a gestão tucana não teve a mesma facilidade para conseguir dinheiro, inclusive no BNDES, como teve o ex-governador Geraldo Alckmin durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O patrimônio construído com o suor do povo tem que ficar nas mãos da população”, acredita.

“Evitou-se um crime contra o patrimônio do povo do estado de São Paulo e, principalmente, contra os trabalhadores da CESP, que sofreriam as conseqüências da venda”, sustenta o deputado estadual Cido Sério (PT-SP), um dos deputados mais envolvidos na resistência às privatizações pretendidas pelo governo Serra. “Agora precisamos continuar lutando para derrotar o projeto privatista dos tucanos”, defende.

Para comemorar a decisão, a manifestação diante da Bovespa, a partir das 08h, foi mantida. Compareça e ajude a mostrar que o Estado, ao contrário do que pensam os imperadores tucanos, não está à venda.

Serviço
Ato contra privatização da Cesp
Quando: dia 26/03, às 08h
Local: Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa)
Rua XV de Novembro, 275 – Centro – São Paulo – SP

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