Cerca de 200 estudantes de várias universidades protestaram na segunda-feira, dia 22, contra a decisão do Supremo Tribunal Federal que derrubou a exigência do diploma para o exercício do jornalismo. Manifestações semelhantes foram realizadas em várias cidades, como Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF), Teresina (PI), Caxias do Sul (RS) e Porto Alegre (RS).
De acordo com Murillo Nascimento, do diretório acadêmico de comunicação da PUC de Campinas, o protesto serve para demonstrar que o estudante está atento e preocupado com o futuro da profissão. Para ele, a decisão tomada não levou em conta a opinião de quem trabalha ou estuda comunicação.
“É uma decisão equivocada, porque não houve um trabalho junto a estudantes, não houve um questionamento junto a profissionais da área, é uma decisão de advogados, de juízes, que não vivem a profissão, não convivem com o jornalismo, que não correm atrás de notícias e não informam a sociedade”, lamenta. O estudante Murillo Nascimento acrescenta que outros atos serão realizados até que a sociedade tenha conhecimento do grande prejuízo que está sofrendo.
Para o presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, a manifestação dos estudantes tem peso, mesmo após o resultado já proclamado pelo STF. José Augusto Camargo não considera o ato sem efeito, já que o objetivo maior é demonstrar o grau de indignação à sociedade. “No estágio atual, a decisão só pode ser revertida por meio de uma mudança na legislação, já que a legislação anterior foi considerada inconstitucional pelo Supremo”, avalia. Por isso, ele avalia que o alvo da pressão é o Congresso Nacional.
O ato dos estudantes terminou em frente ao hotel onde o ministro Gilmar Mendes almoçava com empresários. Depois do evento, o presidente do STF foi várias vezes questionado pelos jornalistas quanto à decisão. Quando o assunto foi a manifestação, Gilmar Mendes disse considerar o ato normal e se esquivou da responsabilidade afirmando que talvez houvesse uma falta de compreensão por parte dos estudantes. “Na verdade, estão protestando não contra mim, mas contra a decisão do Supremo. Eu apenas proferi um voto, dentre os nove proferidos contra a legitimidade da regulamentação”, opinou.
Um ato simultâneo intitulado “Saia fora Gilmar Mendes” está programado para esta quarta-feira, dia 24, em várias capitais brasileiras. Em São Paulo a chamada vigília por uma nova Luz no Judiciário Brasileiro será realizada na avenida Paulista, na altura no Metrô Consolação, a partir das 18h.