Durante debate sobre a crise financeira mundial e os impactos sobre os trabalhadores e a sociedade, no 2º Congresso da Contraf/CUT, nesta quarta-feira 15, em São Paulo, o presidente da CUT, Arthur Henrique, cobrou do governo iniciativas que resultem em mudanças imediatas no sistema financeiro nacional, independentemente das discussões que acontecem nos fóruns internacionais.
Para o sindicalista, é interessante a intervenção do presidente no Lula no G20 e em todos os espaços de discussão de medidas de combate aos efeitos da crise em escala global, mas há atitudes que podem e devem ser tomadas aqui dentro, para a garantia da democratização do crédito e do alinhamento dos bancos com a promoção do desenvolvimento equilibrado do país. Arthur cobra providências para a regulamentação do Artigo 192 da Constituição, que trata do sistema financeiro, para a democratização do Conselho Monetário Nacional, com garantia de participação de representantes da sociedade, e para a inclusão de representantes dos trabalhadores nos conselhos de administração dos bancos. “O BB não tem representante dos trabalhadores no seu conselho, isso é um absurdo para quem pensa em democratização”, enfatizou.
Como exemplo das dificuldades para o acesso às instituições financeiras no Brasil, o presidente da CUT citou estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), segundo o qual há 505 municípios brasileiros sem nenhuma agência bancária. Pelo mesmo estudo, no Brasil são 10.189 habitantes por agência bancária, enquanto nos Estados Unidos são 3.000 e na Espanha 1.089 habitantes.
O presidente da CUT defendeu, além de mudanças no sistema financeiro, a transformação do modelo de produção e de consumo, para a saída da crise de forma mais consistente e sem maiores ônus para o conjunto da sociedade. “Não podemos aceitar a lógica da privatização dos lucros com socialização dos prejuízos”.