PLR reduzida para bancários, bônus milionários aos executivos dos bancos

A proposta dos bancos para a PLR deste ano, que reduz drasticamente os valores a serem distribuídos aos bancários em relação ao ano passado e aumenta os seus lucros já exorbitantes, ocorre em um momento em que as instituições financeiras elevam de forma considerável o pagamento de bônus milionários aos altos executivos.
Pela proposta já rejeitada pelo Comando Nacional dos Bancários, somente os seis maiores bancos do país (BB, Itaú Unibanco, Bradesco, Caixa, Santander e HSBC) deixariam de distribuir de PLR aos bancários mais de R$ 1,2 bilhão, segundo cálculos efetuados pelas subseções do Dieese da Contraf-CUT e do Sindicato de São Paulo.

Isso ocorre porque os bancos querem reduzir de 15% (como foi no ano passado) para 5,5% do lucro líquido o montante a ser distribuído de PLR, limitando o pagamento a 1,5 salário (em 2008 foi de 2,2 salários) e a R$ 10.000 (no ano passado o teto foi de R$ 13.862). O valor adicional que no ano passado podia chegar a R$ 1.980, com a proposta de parcela linear deste ano pode atingir no máximo R$ 1.500. Além disso, a Fenaban quer descontar a PLR dos programas próprios dos bancos, ao contrário do ano passado.

Veja na tabela abaixo de quanto será a redução da PLR nos seis maiores bancos, segundo o levantamento do Dieese. Eles juntos pagaram em 2008 R$ 2,8 bilhões de PLR aos seus trabalhadores. Pelo lucro anualizado que esses mesmos bancos apresentaram no primeiro semestre deste ano, pela proposta da Fenaban a PLR seria reduzida para R$ 1,6 bilhão em 2009

Estimativa do montante pago de PLR em 2008 e 2009*

Banco

em R$

variação percentual 2008/2009

em % do LL

2008

2009

2008 2009
BB 781.820.363,64 441.491.930,0 -44% 8,88% 5,50%
Caixa 481.974.047,64 127.327.420,0 -74% 12,41% 5,50%
Bradesco 501.443.249,68 442.238.720,0 -12% 6,58% 5,50%
Itaú Unibanco 864.821.768,39 504.430.520,0 -42% 10,33% 5,50%
Santander 110.329.643,63 110.662.530,0 0% 7,16% 5,50%
HSBC 122.639.423,99 27.473.710,0 -78% 9,08% 5,50%
TOTAL 2.863.028.496,97 1.653.624.830,0
* com a regra proposta pela Fenaban
Fonte: Levantamento realizado pelas subseções do Dieese da Contraf-CUT e do Sindicato dos Bancários de São Paulo, com base nos dados dos balanços dos bancos do ano passado e na projeção anualizada dos lucros destes mesmos bancos no primeiro semestre de 2009

“Ou seja, os bancos estão querendo retirar mais de R$ 1,2 bilhão dos bancários para aumentar ainda mais seus lucros exorbitantes. Essa é uma proposta inaceitável e, por isso, a categoria vai à greve por tempo indeterminado a partir desta quinta-feira, caso os banqueiros não apresentem uma nova proposta que contemple a expectativa dos trabalhadores”, adverte Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional dos Bancários.

Bônus milionários dos executivos

Ao mesmo tempo em tentam reduzir a PLR dos bancários, os bancos aumentam os valores da remuneração e dos bônus já milionários que pagam à alta cúpula. Em 2008, no auge da crise, o Bradesco pagou R$ 250 milhões de premiação e honorários aos membros do conselho de administração e da diretoria executiva. Também no ano passado, apenas 24 chefões do Itaú Unibanco (14 conselheiros administrativos e dez diretores executivos) receberam R$ 272 milhões entre salários e bônus, sendo que cada um deles recebeu remuneração mensal média de R$ 715 mil mais premiação anual de R$ 1,8 milhão na média.

E o Santander Brasil aprovou, na assembléia de acionistas realizada no dia 30 de abril deste ano, a remuneração de R$ 223 milhões para os seus 26 diretores-executivos em 2009, o que perfaz uma média R$ 8,6 milhões durante o ano. Além disso, cada superintendente do banco espanhol embolsou até R$ 1,4 milhão no primeiro semestre.

“Trata-se de mais um abuso dos bancos que pretendem aumentar ainda mais os seus lucros ao propor a redução da PLR dos bancários, enquanto pagam bônus milionários aos altos executivos. Está na hora de os bancos colocarem em prática o discurso de responsabilidade social, apresentando uma proposta de PLR que atenda as expectativa dos trabalhadores, os principais responsáveis pelos resultados das instituições”, conclui Carlos Cordeiro.

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