(São Paulo) Ocorreu nesta sexta, dia 29, rodada de negociação entra a Contraf-CUT e a Caixa. A principal novidade para os bancários é o anúncio do pagamento da segunda parcela da PLR, que ocorrerá possivelmente na próxima semana.
Os negociadores da Caixa disseram que a empresa recebeu a correspondência enviada pela Contraf-CUT pedindo o pagamento e acatou a reivindicação dos representantes dos trabalhadores. Os trabalhadores não comissionados receberão R$ 1.640,00, enquanto os que ocupam cargo de comissão receberão R$ 1.745,14.
Outro ponto importante discutido na reunião foi a entrada na Funcef dos antigos funcionários que possuem complementação de aposentadoria ainda pelo PMPP (Plano de Melhoria de Pensões e Proventos). Depois de muita luta, o Ministério da Fazenda autorizou a mudança. O acordo entre a Funcef e a Caixa deverá ser assinado entre os dias 4 e 6 de março.
O processo do PMPP cuja assinatura do contrato Caixa /Funcef ora autorizada pelo Ministério da Fazenda, teve o apoio incondicional de toda a categoria (ativos e aposentados), bem como o apoio da presidenta da Caixa, do presidente da Funcef eo valioso apoio do pesidente Lula. Podemos resumir no seguinte: trata-se de verdadeiro resgate da cidadania”,
Décio Carvalho, representante dos aposentados na CEE Caixa.
PCS
Apesar da grande expectativa gerada emtorno do tema, a Caixa não apresentou nenhuma novidade para o PCS. Assim, os membros presentes da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa da Contraf-CUT (CEE Caixa) fizeram algumas considerações sobre a proposta apresentada no dia 20/12/07, reafirmando que não admitirão nenhuma vinculação do PCS com a obrigatoriedade de adesão ao saldamento do Reg/Replan e ao Novo Plano da Funcef.
Os representantes dos trabalhadores afirmaram também que a proposta da Caixa de pagar os R$ 30 relativos à campanha salarial de 2004 aos empregados que ganhavam na época mais de R$ 1500 de forma linear antes da eventual migração para a nova tabela está em desacordo com o que foi negociado na última Campanha Nacional dos Bancários. À época, o acordo foi pela incorporação desse valor como índice de correção no teto (referência 95 do PCS antigo). Ao mesmo tempo, a CEE Caixas manifestou que, embora a incorporação da Vantagem Pessoal por Tempo de Serviço – correspondente a 1/12 do salário padrão – represente um teto maior, em contrapartida, vai representar para os empregados antigos uma diminuição nos ganhos em relação ao que foi negociado na Campanha 2007.
Os sindicalistas cobraram do banco a negociação sobre os critérios de promoção por merecimento e sobre a quantidade de níveis que serão adotados na nova tabela do PCS. A Caixa informou que ainda não tem posição a respeito dos dois assuntos e que deverá discutir os dois temas com o DEST (Departamento de Coordenação e Controle das Empresas Estatais) na primeira quinzena de março. Nessa reunião, o banco colocará os pontos já negociados, os pontos de discordância entre empresa e trabalhadores e ouvirá a posição do DEST. Depois disso, nova negociação será marcada, provavelmente na 2ª quinzena de março.
Empregos
Os bancários cobraram posição da Caixa em relação à destituição de cargo de gestores que possuem ação judicial contra o banco.
A Contraf-CUT enviou uma notificação extrajudicial para a Caixa cobrando o fim do da prática. Os negociadores afirmaram que essa não é a diretriz da empresa. “Se isso de fato não é a política da Caixa, algo estranho está ocorrendo, uma vez que atitudes desse tipo foram tomadas na própria Matriz do banco”, afirma Plínio Pavão, coordenador da CEE Caixa. “Esse é um problema sério e que precisa ser investigado. Uma vez constatado que isso ocorreu, a Caixa deve restituir os cargos aos empregados vitimas desse processo”, conclui.
Outra questão abordada na mesa que está sendo adotada de forma generalizada no país foi a prática de impedir a entrada dos clientes na agencia, obrigando-os a fazer suas operações em casas lotéricas e outros correspondentes bancários. Em São Paulo, relataram os representantes dos bancários, está sendo ministrado um curso de “auto-atendimento”, em que os instrutores orientam explicitamente os funcionários a não deixarem os clientes entrarem na agência. Outro exemplo gritante ocorre em Recife, onde várias agências estão colocando cartazes orientando os clientes a realizar operações inferiores a R$ 1 mil fora da agência. Os negociadores novamente dizem não se tratar de orientação da empresa. Assim, vão verificar os fatos relatados e orientar as áreas responsáveis para que essa prática seja alterada.
A CEE Caixa questionou ainda o banco sobre as alterações no RH 031 – normativo que disciplina a cessão de empregados para exercerem cargos eletivos (prefeito, vereador, deputado etc.). Antes, o bancário tinha liberdade para exercer seu mandato, com garantia de retomar seu posto de trabalho na Caixa após o término mantendo a contagem de tempo de serviço e o vínculo com o Saúde Caixa, por exemplo. A nova resolução o desvincula totalmente do banco, perdendo esses e outros direitos. “É uma orientação que vai contra o direito de seus empregados de participarem diretamente da vida política do país, o que também beneficia a empresa, que terá representantes para defender seus interesses de banco público e seus funcionários”, avalia Plínio. “Nedson Micheleti, prefeito de Londrina, e Wellington Dias, governador do Piauí, são exemplos desses cidadãos, bem como muito outros deputados, vereadores e outros em todo o país”, sustenta. Os representantes da Caixa concordaram, mas disseram não ter informações sobre o tema e que iriam se inteirar junto à área gestora (Geret) e dariam um retorno em breve.
Os bancários apresentaram também a avaliação da Contraf de que o processo de contratação de pessoal está muito lento. Uma prova disso é que o banco não cumpriu o item negociado na Campanha de contratar três mil novos funcionários em 2007. A Caixa alegou que o ritmo lento das contratações se deve ao fato de o banco estar fazendo alterações nas estruturas da retaguarda das agências e que as contratações só serão aceleradas novamente quando essas mudanças estiverem definidas.
Enquanto isso, os trabalhadores estão mobilizados na campanha “Mais empregados para a Caixa – Mais Caixa para o Brasil”. “É preciso agilizar esse processo, para desafogar os trabalhadores. A Caixa teve um aumento de suas atribuições, com o Bolsa Família e outros programas do governo federal, mas não de seu quadro funcional”, analisa Plínio. “As duas mil vagas que estão autorizadas não têm de ser necessariamente destinadas para a substituição de mão de obra terceirizada nas retaguardas. A Caixa nos útlimos anos tem contratado um número significativo de concursados, o que é positivo, porém, com a substituição dos terceirizadoso número total de funcionários se manteve praticamente o mesmo desde 2003”, sustenta.
Outro ponto abordado foi o desconto dos dias da greve feita pelos bancários em Belo Horizonte, Bahia e Sergipe. Os sindicalistas reafirmaram sua inconformidade com os termos da CI que a Caixa divulgou dizendo que o desconto dos dias parados estava negociado com a representação dos bancários. O banco reconheceu que a informação esta equivocada e disse que lançará uma correção do comunicado. A representação dos bancários questionou o fato de a falta ter sido considerada injustificada, o que causou o desconto do fim de semana e do feriado de 12 de outubro. Os negociadores do banco afirmaram que irão consultar o departamento jurídico da empresa para verificar se a interpretação da lei determina o desconto somente do dia de greve. Independentemente disso, os sindicatos de BH, Sergipe e Bahia entraram com ações na Justiça para que seja revertido o desconto de todos os dias. No caso de Belo Horizonte, a Justiça já determinou a restituição dos valores por meio de liminar.
Os bancários também cobraram da Caixa uma posição sobre o pagamento da 13ª cesta para os aposentados que recebem o beneficio por força de sentença judicial. A Caixa está fazendo o levantamento das sentenças para avaliar caso a caso se entende que o pagamento é devido. Em caso afirmativo, a cesta será paga retroativamente.
Por fim, os bancários pautaram para a próxima reunião a retomada do debate do SIPON (sistema de ponto eletrônico da Caixa). Embora tenham havido melhorias, ainda há muitos problema que precisam ser solucionados.