Piquete dos Bancários comemora 13 anos no Acampamento Farroupilha

Bancários presentes no maior espaço de preservação da cultura gaúcha

O Piquete dos Bancários está comemorando 13 anos de participação no Acampamento Farroupilha, que ocorre no Parque da Harmonia, em Porto Alegre. Trata-se de uma iniciativa cultural do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e da Fetrafi-RS, com apoio da Contraf-CUT e Agabesp.

O Acampamento é hoje o maior espaço de preservação da cultura gaúcha, que acontece desde 1987 e recebe anualmente mais de 1 milhão de visitantes. Este ano o tema é “Eu sou do Sul”. Ao todo, são 364 galpões montados por Piquetes, Centros e Departamentos de Tradições Gaúchas (CTGs e DTGs), associações, entidades e famílias.

O evento de 2014 abriu as atividades mais cedo, começando pouco antes da Copa do Mundo com um acampamento extraordinário, formado por uma parte dos participantes, mostrando um “turismo de galpão” para o Brasil e o mundo. A abertura oficial ocorreu no último dia 7, com a presença de autoridades e, ao final, todos entoaram o hino rio-grandense.

O local parece uma autêntica cidade campeira e conta com infraestrutura da Prefeitura, incluindo praça de alimentação, lojas, feiras, artesanato, padaria, açougues e mercados, além de um palco para apresentações culturais com uma pista de dança. Tem ainda uma guarnição do Corpo de Bombeiros.

Espaço de cultura, amizade e confraternização

A fumaça, o cheiro do churrasco, o chimarrão que passa de mão em mão e a velha hospitalidade gaúcha são algumas das marcas do Piquete. Muitos frequentadores usam a pilcha, a indumentária gaúcha. Os peões (homens) colocam botas, bombacha (calça larga), lenço no pescoço, guaiaca (cinturão com lugar para guardar dinheiro), faca e chapéu; e as prendas (mulheres) usam saias ou vestidos largos e compridos, ou então bombachas femininas.

O galpão possui um fogão campeiro, onde nunca falta água quente para uma mateada. É também especial para fazer boas comidas, como um arroz carreteiro, feijão e vaca atolada. Há mesas e cadeiras em estilo rústico e um bolicho, onde o bancário pode comprar refrigerante, cerveja e uma canha buena (“cachaça da boa”). A churrasqueira é bem grande, onde tem quase sempre carvão aceso, pois a gauchada não para de churrasquear.

O galpão é ainda apropriado para tomar chimarrão, contar “causos” (histórias incríveis, mas todas verdadeiras) e jogar truco.

“Cerca de duas mil pessoas, dentre bancários, seus familiares e amigos, devem participar do Piquete em 2014, a exemplo dos últimos anos”, estima o diretor do Sindicato, Edson Ramos da Rocha, que é “patrão” desde a fundação. Ele até dorme no sótão do galpão para não perder nenhum momento e recepcionar cada vez melhor quem se aprochega para curtir a cultura gaúcha.

“Vejo que a cada ano que passa aumenta o número de frequentadores, pois quem já participou costuma voltar no ano seguinte e trazendo mais pessoas. Assim nós contribuímos para manter viva as nossas raízes e o legado dos farroupilhas, estreitar os laços de amizade e confraternizar”, salienta Edson.

Abertura

A porteira do galpão do Piquete dos Bancários foi aberta o último dia 1º e, por causa do feriado de 20 de setembro cair em sábado, será fechada somente no domingo, dia 21. Na abertura não faltou churrasco, arroz carreteiro, música gaúcha e um bolo de aniversário com os presentes entoando o “Parabéns Crioulo”.

O secretário de imprensa da Contraf-CUT, Ademir Wiederkehr, saudou os participantes dizendo que “o Piquete já é conhecido além do Rio Mampituba”, que separa o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, atraindo bancários de outros estados. Para ele, que é também diretor do Sindicato, “o Piquete é um exemplo de preservação da cultura regional neste mundo globalizado em que vivemos”, acentuou. “Precisamos cultivar também o espírito de luta dos farrapos e valorizar os ideais de liberdade, igualdade e humanidade, cravados na bandeira do Rio Grande”, disse.

O presidente do SindBancários, Everton Gimenis, que lidera a nova gestão empossada em 15 de agosto, mencionou o fato de ser um “gaúcho urbano”, mas que também veste a pilcha para celebrar a cultura do Estado. Ele destacou que o Acampamento ocorre ao mesmo tempo da Campanha Nacional dos Bancários. “O Piquete é também um espaço de luta, da nossa peleia por conquistar mais direitos”, frisou.

O diretor de Cultura, Esporte e Lazer do Sindicato, Tiago Vasconcellos, apresentou a agenda de eventos do Piquete e convidou os bancários e demais interessados a participar e cultivar a cultura gaúcha. “Teremos aqui culinária, com o arroz carreteiro já tradicional do Piquete, música, churrasco, jogo de truco e muito mais. É só chegar ao nosso espaço, que também é de luta por melhores condições de trabalho para os bancários”, reforçou.

Quem também prestigiou mais uma vez a abertura foi o ex-presidente do Sindicato, ex-deputado federal, ex-prefeito e ex-governador Olívio Dutra, que agora é candidato a senador dos gaúchos.

Programação cultural

O Piquete tem outra vez uma baita programação cultural, que teve início com uma exposição do caricaturista argentino Florencio Molina Campos e uma sessão de autógrafos do cartunista gaúcho Santiago em seu novo livro “Causos do Santiago”, com a participação do não menos famoso cartunista do Sindicato, Augusto Bier.

Outras atividades são o projeto cultural “Arroz Carreteiro”, a 5ª Noite da Poesia, a guarda da Chama Crioula, a exposição “Piratini, a 1ª Capital Farroupilha” e o 7° Torneio de Truco, em duplas e trios, o jogo de cartas mais popular entre a gauchada.

Peleando por Dignidade

Fundado em 20 de agosto de 2002, durante a gestão do então presidente do Sindicato, Devanir Camargo da Silva, o Piquete é hoje um espaço consolidado. “Aqui os bancários podem curtir as lindas tradições do nosso pago e renovar a cada ano o orgulho de serem gaúchos e brasileiros”, destaca.

“O Piquete virou também uma marca do Sindicato”, salienta Ademir que igualmente ajudou a fundar o Piquete e criou em 2009 o slogan “Peleando por Dignidade”, que hoje está estampado na bandeira e banners, assim como em camisas, coletes, casacos e aventais, que podem ser adquiridos pelos frequentadores.

“O Piquete é um lugar apropriado onde os bancários de todas as origens, da Capital ou do Interior, se encontram para prosear, confraternizar e cultivar a cultura gaúcha”, enfatizou o diretor do Sindicato e da Contraf-CUT, Paulo Stekel.

Chama Crioula

Mais uma vez, o Piquete fez a guarda da Chama Crioula, durante uma hora, no Galpão Central do Acampamento. Trata-se de um símbolo idealizado, em 1947, por jovens estudantes vindos do campo para Porto Alegre, que procuravam um espaço onde pudessem cultivar os sentimentos regionalistas.

Naquele ano, antes da extinção do fogo simbólico da Semana da Pátria, em 7 de setembro, Paixão Cortes e dois amigos retiraram uma centelha da chama e a conduziram de a cavalo ao saguão do Colégio Estadual Júlio de Castilhos, onde ardeu em um candeeiro até a meia-noite de 20 de setembro.

Assim, a Chama Crioula virou um símbolo que hoje está presente em todos os acampamentos, ficando acesa e guardada entre 7 e 20 de setembro.

Desfile da Semana Farroupilha

A exemplo dos anos anteriores, haverá também o desfile temático e tradicional no próximo sábado, 20 de setembro, a partir das 8h30, na Avenida Edvaldo Pereira Paiva (Beira-Rio), que deve reunir milhares de pessoas.

O desfile temático deve iniciar depois do desfile cívico e terá a duração de aproximadamente 40 minutos. O fechamento do evento acontecerá com o desfile tradicionalista, apresentando dezenas de entidades.

O Piquete dos Bancários é mesmo trilegal, tchê!

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