Piquete dos Bancários comemora 11 anos no Acampamento Farroupilha

Contraf-CUT apoia iniciativa que valoriza cultura gaúcha em Porto Alegre

O Piquete dos Bancários está comemorando 11 anos de participação no Acampamento Farroupilha, em Porto Alegre. A porteira do galpão foi aberta no dia 31 de agosto e, por causa do feriadão de 20 de setembro, será fechada somente no próximo domingo, dia 23. Trata-se de uma iniciativa cultural do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e da Fetrafi-RS, com apoio da Apcef-RS, Agabesp e Contraf-CUT.

O Acampamento é o maior espaço de preservação da cultura gaúcha, que acontece desde 1987 no Parque da Harmonia e que recebe anualmente cerca de 1 milhão de visitantes. Ao todo, são 370 galpões montados por Piquetes e Centros e Departamentos de Tradições Gaúchas (CTGs e DTGs). O local vira uma autêntica cidade campeira e conta com infraestrutura da Prefeitura, incluindo praça de alimentação, lojas, feiras, artesanato, padaria, açougues e mercados.

Fundado em 20 de agosto de 2002, na gestão do presidente do Sindicato, Devanir Camargo da Silva, o Piquete tem como patrão o diretor do Sindicato, Edson Ramos da Rocha, que nos últimos dois anos até dorme no sótão do galpão para não perder nenhum momento e recepcionar cada vez melhor os bancários.

Peleando por Dignidade

“Esses 11 anos do Piquete comprovam que foi um baita acerto quando decidimos montar o primeiro galpão. Hoje, ele virou um espaço consolidado, onde os bancários se aprochegam na Semana Farroupilha e renovam o orgulho de ser gaúchos e brasileiros”, destaca Devanir.

“A cada ano que passa, vejo que aumenta o número de frequentadores. No ano passado, mais de mil bancários estiveram aqui. E quem já participou costuma voltar no ano seguinte, além de divulgar e trazer mais gente. Assim nós também contribuímos para manter viva a cultura regional e o legado dos farroupilhas, estreitar os laços de amizade e confraternizar”, salienta Edson.

“Em tempos de globalização não podemos deixar de cultivar as nossas raízes e aprender com as lições de bravura e combatividade de nossos antepassados para construirmos um mundo mais justo, humano e solidário”, aponta o secretário de imprensa da Contraf-CUT, Ademir Wiederkehr, que também ajudou a fundar o Piquete e criou em 2009 o slogan “Peleando por Dignidade”, que hoje está estampado na bandeira e banners, assim como em camisas e casacos que podem ser adquiridos pelos frequentadores.

“Nós sempre acreditamos que os bancários mereciam um lugar para confraternizar, onde pudessem resgatar as tradições gaúchas. Olhar para esse galpão prova que vale a pena acreditar e lutar por um sonho”, afirma o atual presidente do Sindicato, Mauro Salles Machado.

O diretor da Fetrafi-RS, Arnoni Hanke, confessa que ir ao Piquete estreitou suas relações com a tradição gaúcha. “Em Santo Ângelo, não costumava prestigiar muito as atividades da Semana Farroupilha. Foi aqui, em Porto Alegre, no Piquete, que fui conhecer mais a fundo essa parte da nossa história”, revela.

“Trata-se de um espaço apropriado onde os bancários de todas as origens, da Capital ou do Interior, se encontram para prosear, confraternizar e resgatar os valores de liberdade, igualdade e humanidade estampados na bandeira do Rio Grande do Sul”, enfatiza o diretor do Sindicato e da Contraf-CUT, Paulo Stekel.

Espaço de cultura e confraternização

A fumaça, o cheiro do churrasco, o chimarrão que passa de mão em mão e a hospitalidade são algumas das marcas do Piquete. Muitos frequentadores usam a pilcha, a indumentária gaúcha. Os peões (homens) colocam botas, bombacha (calça larga), lenço no pescoço, guaiaca (cinturão com lugar para guardar dinheiro), faca e chapéu; e as prendas (mulheres) usam vestidos largos e compridos.

O galpão possui um fogão campeiro, onde nunca falta água quente para o mate. Tem mesas e cadeiras em estilo rústico e um bolicho, onde o bancário pode comprar refrigerante, cerveja e canha (cachaça da boa). A churrasqueira é grande onde tem sempre tem carvão acesso.

Os bancários participam e trazem seus colegas, familiares e amigos para tomar chimarrão, fazer churrasco, preparar arroz carreteiro ou outra comida campeira, ouvir canções gauchescas, contar “causos” (histórias inacreditáveis, mas verdadeiras), jogar truco e tomar um trago (sem exageros).

O Piquete possui também uma variada programação cultural. Há apresentações de invernadas artísticas com música gauchesca e danças folclóricas, bem como noites de poesias e a mostra Tradição, Folclore e Humor, reunindo desenhos de chargistas, como Augusto Bier, retratando com olhar bem humorado o cotidiano do gaúcho tradicional, inserido tanto em situações comuns como inusitadas. Também ocorre o disputado torneio de truco.

Chama Crioula

Mais uma vez, o Piquete fará nesta segunda-feira, dia 17, das 21h23 às 21h14, durante uma hora, a guarda a Chama Crioula, no Galpão Central do Acampamento. Trata-se de um símbolo idealizado, em 1947, por jovens estudantes vindos do interior gaúcho para a Capital, que procuravam um espaço onde pudessem reviver suas origens do campo e cultivar sentimentos regionalistas.

Naquele ano, antes da extinção do fogo simbólico da Semana da Pátria, no dia 7 de setembro, Paixão Cortes e dois amigos retiraram uma centelha da chama e a conduziram a cavalo ao saguão do Colégio Estadual Júlio de Castilhos, onde ardeu em um candeeiro até a meia-noite do dia 20 de setembro. Hoje, esse símbolo está presente em todos os acampamentos, iluminando a cultura gaúcha para o Brasil e o mundo.

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