PF retira deputado Renato Freitas de avião para revista

Caso ocorreu em 3 de maio e viralizou nas redes sociais na quarta-feira (10), após o parlamentar do PT publicar vídeo da abordagem

O deputado estadual do Paraná Renato Freitas (PT) foi vítima mais uma vez de racismo, ao ser abordado pela Polícia Federal (PF) dentro de um avião pouco antes da decolagem no aeroporto de Foz do Iguaçu (PR). Ele estava na cidade a convite do Ministério dos Povos Indígenas e ia a Londrina. Os policiais o retiraram da aeronave para a revista, mesmo ele já tendo passado pela inspeção na máquina de raio X.

Na ação, gravada pelo deputado, os agentes da PF revistam sua mochila e seu o corpo com a desculpa de ser um procedimento “aleatório”, em que um passageiro é escolhido, mesmo sem nenhuma denúncia. Esse tipo de inspeção, porém, é feita em geral após a passagem pelo raio X, antes do embarque e nunca dentro de um avião.

Na gravação, enquanto saía do avião, Freitas diz: “Não sei o que está acontecendo. Estou no avião, a Polícia Federal parou o voo e está me chamando. Parece que sou suspeito de alguma coisa e quero saber do quê”.

Já no finger, o túnel de acesso da área de embarque à aeronave, um policial federal pergunta se ele é deputado e se conhece o “procedimento”. “É aleatório”, disse o agente. Sem que o agente encontrasse nada que impedisse o embarque, Freitas foi liberado para voltar ao avião.

“Bando de racistas ignorantes”, declarou o parlamentar ao passar pelas fileiras de assentos da aeronave. Uma passageira deu “graças a Deus” que “deu tudo certo”, ao que Freitas respondeu: “Tudo certo? Sim, tirando o fato de ser humilhado… Quantas pessoas saíram desse voo escoltados pela Polícia Federal para ser revistado?”.

A PF diz ter atribuição para a fiscalização de atividade aeroportuária. “Houve entrevista de forma aleatória a passageiros, nas quais todos os protocolos de abordagem foram devidamente respeitados pelas equipes policiais”, declarou, em resposta ao UOL.

Vítima de racismo sem fim

Renato Freitas tem enfrentado uma sequência de atos de racismo. No ano passado, quando era vereador, foi acusado de quebra de decoro parlamentar por participar de protesto na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos homens Pretos, o que o levou à cassação do mandato, decisão suspensa pela Justiça. A Câmara, porém, votou nova cassação. A própria Arquidiocese de Curitiba defendia que ele não perdesse o mandato.

Após a segunda tentativa de tirar o mandato de Freitas, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, cassou a decisão dos vereadores de Curitiba. O ministro enfatizou que a punição restringia o direito à liberdade de expressão em defesa de grupo vulnerável, vítima constante de violência. Barroso também anotou o viés de racismo estrutural na decisão da Câmara de Curitiba.

Em 2022, Renato foi eleito deputado estadual. Antes de tomar posse, ele denunciou ter sido vítima discriminação por policiais militares na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), em novembro do ano passado. Ele contou que foi ameaçado por dois agentes que estavam à paisana. De acordo com o parlamentar, um deles teria sussurrado “fica de olho nesse aí”.

Leia a reportagem completa no site da CUT.

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