(São Paulo) Eleito pela Revista Exame como a melhor empresa para se trabalhar, o Unibanco paradoxalmente também é a melhor empresa para se adoecer. Nos últimos tempos, o Unibanco vem liderando os rankings de doenças ocupacionais, que são agravadas pelo assédio moral, as péssimas condições de trabalho e a falta de segurança, entre outros motivos.
Para combater a insalubridade do Unibanco e organizar melhor as reivindicações de saúde, a Contraf-CUT vai promover um levantamento de dados estatístico do quadro nacional. O objetivo é traçar um raio-X da saúde dos bancários do Unibanco em todo país, principalmente no que se refere aos casos de LER/Dort e doenças mentais.
“Precisamos implementar no Unibanco um programa de prevenção às doenças ocupacionais, que vise a qualidade de vida dos bancários. É preciso melhorar a Cipa, os móveis e os equipamentos, assim como toda a organização no local de trabalho. A melhor empresa para se trabalhar, segundo a editora Abril, é bem diferente da realidade que os bancários do Unibanco conhecem muito bem”, afirma Luciana Duarte, diretora da Contraf e do Sindicato de Belo Horizonte.
Outro problema que o levantamento nacional vai minimizar é a falta de emissão dos Comunicados de Acidente de Trabalho (CAT). O Unibanco tem se negado a emitir este documento, que estabelece o nexo causal entre a doença ocupacional e a atividade laboral.
“Por meio desta pesquisa, o movimento sindical vai elaborar uma política de prevenção, buscando o auxílio de engenheiros do trabalho, que fortaleçam o processo de negociação com o banco e ampare o trabalhador juridicamente. A pesquisa também vai avaliar a saúde mental dos bancários, que são acometidos por doenças psicossomáticas em função das metas abusivas”, explica Sandro Rodrigues, diretor do Sindicato de Porto Alegre.
Descaso do Unibanco
A Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Unibanco reuniu-se nesta terça-feira, dia 13, na sede da Contraf-CUT e discutiu o problema da saúde dos bancários. Atualmente, o banco possui centenas de lesionados, mas a direção da empresa se recusa a debater estas questões.
“Já levamos o problema em várias negociações, mas o Unibanco sempre remete nossas reivindicações para a mesa temática sobre saúde da Fenaban e se limitou a nos apresentar seu ridículo projeto ergonômico. O bancário, quando acometido por doenças ocupacionais, recebe do Unibanco desconfiança e desrespeito. O fato é que precisamos encontrar elementos que possam nos ajudar contra a política de violência organizacional e pesquisa nacional é o caminho”, finaliza Vera Saba, diretora do Sindicato dos Bancários de Taubaté e funcionária do Unibanco.
Fonte: Contraf-CUT