Neste mês, a Direção do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) instaurou um inquérito judicial visando a demissão por justa causa do funcionário Wagner Fernandes Jacinto, lotado na agência Quixeramobim, no Ceará. Wagner é diretor da Associação dos Funcionários do BNB (AFBNB) e delegado sindical de sua unidade, por isto a demissão por justa causa é a única forma de desligá-lo dos quadros do Banco.
Wagner ingressou no BNB em março de 2004 e, desde então, tomou para si a luta pelos direitos dos funcionários, incluindo a busca por melhorias no Plano de Cargos e Remuneração (PCR). O processo, no qual é réu, alega que o funcionário é indisciplinado e atentou contra a “honra e a boa fama do empregador”.
A Diretoria da AFBNB repudia a medida tomada pelo Banco, uma vez que se caracteriza, notadamente, como perseguição política (vide histórico abaixo), tendo em vista que Wagner Fernandes é um atuante representante dos funcionários e ativista sindical. Diante disso, a Associação exige que o BNB reveja esta atitude antidemocrática e retire o inquérito judicial contra o funcionário em questão.
É importante que o Banco não confunda críticas à política de cargos e salários com crítica ao Banco enquanto instituição, e nem a complexa questão do individual com representação coletiva.
Dessa forma, a AFBNB conclama toda a categoria, entidades de classe e movimentos sociais a se solidarizarem com Wagner Fernandes, unindo-se à luta contra a demissão do diretor. O ataque a um ativista é um ataque a todo o movimento sindical; a perseguição de um representante do funcionalismo do BNB, no legítimo exercício de suas atividades, é perseguição a toda a família benebeana.
A AFBNB entende que perseguições e práticas que caracterizam assédio moral, bem como ataques às entidades representativas dos funcionários e aos seus dirigentes, são atos peculiares nos regimes de exceção, como ocorreu na gestão Byron Queiroz, e que foi fortemente combatida, inclusive por gestores do Banco que na época eram oposição.
Nesse sentido a Associação invoca a coerência e ratifica seu posicionamento contrário a essa prática, conclamando todos os funcionários a se insurgirem contra esse ato, de modo a não permitir que os tempos de terror voltem ao BNB.
Histórico – Em 7 de março de 2007, a negociadora do BNB vetou a participação de Wagner Fernandes na rodada de negociação daquela data. As entidades não admitiram a interferência indevida do Banco e a reunião foi suspensa. O diálogo só foi retomado na rodada do dia 28 de março. No mesmo mês, reunidos na 31ª RCR da AFBNB, os representantes da entidade aprovaram uma moção de repúdio ao Banco por esta medida.
Em maio de 2007, Wagner foi destituído da função Gerente de Suporte a Negócios – Pronaf, a qual desempenhava há cerca de dois anos em caráter de substituição. A decisão não levou em consideração o desempenho do trabalho desenvolvido pelo funcionário junto aos trabalhadores rurais e demais clientes da região de Quixeramobim, nem seu relacionamento na agência e fora do ambiente do Banco. Na época, o BNB não colocou nenhum substituto na agência para desempenhar a função nem formalizou qualquer motivo que justificasse a decisão.