Pernambuco: delegados sindicais se preparam para a ação

Delegados sindicais da Caixa Econômica, Banco do Brasil, BNB, e também do Banrisul, concluíram neste sábado, 7, o Encontro Estadual de Delegados. O evento prepara os representantes de base para a Campanha Salarial e, também, para ações específicas em cada uma das empresas.

É o caso da briga dos empregados da Caixa pelo PCS – Plano de Cargos e Salários. E da campanha dos trabalhadores do Banco do Brasil, pela valorização dos empregados e resgate da função social da empresa. Quando esta edição foi fechada, a plenária final, quando seriam consolidadas as ações e atividades a serem realizadas nos próximos meses ainda não havia sido realizada.

O evento teve início na sexta-feira, 6. A partir das informações trazidas pelo presidente do Sindicato, Marlos Guedes, os bancários avaliaram e debateram o cenário nacional e internacional e seus impactos para a Campanha Salarial. No horário da tarde, a discussão foi sobre assédio moral. Um vídeo sobre os 70 anos do Sindicato e a exibição de um filme sobre o tema em debate abriram a programação. O debate, a partir da palestra da secretária de Formação do Sindicato, Suzineide Rodrigues, coordenadora do projeto sobre assédio moral na categoria bancária, foi bastante participativo. As intervenções feitas pelos delegados do Banco do Brasil mostraram como um banco, que se proclama público, para se dobrar ao mercado passa por cima do respeito aos seus trabalhadores.

Lá, pelo que falam os bancários, o assédio já se internalizou. Ele não mais se configura, necessariamente, na pessoa dos gerentes. O assédio vertical, praticado pelos próprios colegas, tornou-se comum. “Quem cumpre a jornada, não faz hora extra, nem se dobra aos padrões que o banco estabeleceu é hostilizado por todos. Inclusive preterido nos programas de formação ou de ascensão profissional”, afirma um delegado.

Outro fator novo que se coloca a respeito do tema é o que poderia ser descrito como um assédio em pirâmide. “O caixa é assediado pelo gerente, que é assediado pelo superintendente, que sofre a pressão da diretoria. E, quando uma denúncia de assédio moral vem à tona, o banco diz que esta não é a política da empresa, e que não tem responsabilidade sobre isso”, afirmou o diretor do Sindicato, Francisco Bitu.

Os participantes do encontro tiveram a oportunidade de debater estas novas modalidades de pressão no trabalho. E também de entender como se caracteriza o assédio: agressões e humilhações que se repetem na rotina do trabalhador. A questão da repetição para caracterização do assédio suscitou polêmica: “Eu preciso deixar que a humilhação se repita até quando para poder agir?”, questionou um delegado. Jaqueline Mello, secretária-geral do Sindicato, lembrou que “o papel do delegado sindical, e do Sindicato, é quebrar o elo antes que o assédio cresça. A repetição vai servir para caracterizá-lo diante da Justiça. Mas a gente deve procurar o Sindicato logo que o assédio comece a se manifestar. E também anotar tudo o que se passa: juntar e-mails recebidos, escrever cada ofensa, buscar o apoio de colegas”.

Por trás de um assediador há sempre uma empresa que permite que esta postura se desenvolva. Este foi um dos principais conceitos trazidos pela intervenção de Suzineide. “Você pode, se quiser, processar, também, a pessoa física do gerente. Mas é preciso saber que a concepção do banco é que define o tamanho do espaço que é aberto aos assediadores”, disse. O atual processo vivido pelo Banco do Brasil é um exemplo claro. “A política do banco é de jogar uns contra os outros, o operacional contra o comercial. É assim que ele cria o ambiente propício para que o assédio seja corriqueiro e a pressão passe a ser feita de colegas contra colegas”, diz João Rufino, secretário de Saúde do Sindicato.

Neste sábado, 7, a Campanha Salarial voltaria à tona, com uma análise comparativa das últimas campanhas – de 2003 a 2007. Depois, os representantes de base de dividiriam por bancos para discutirem questões específicas de seus ambientes de trabalho. A partir do debate sobre a Campanha e as discussões em grupo, seriam traçadas estratégias de ação e um calendário de atividades para os próximos meses.

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