Perda dos fundos de pensão chega a US$ 5 tri nos países desenvolvidos

Valor Econômico
Assis Moreira

A desvalorização dos ativos dos fundos de pensão privados dos países desenvolvidos já alcança US$ 5 trilhões, com a dramática queda dos mercados de ações este ano, revelou a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Significa que em outubro todos os capitais dos planos de aposentadoria privadas dos países desenvolvidos tiveram um recuo de 20% em relação a dezembro de 2007, quando totalizavam US$ 28 trilhões.

A perda é ainda mais dramática do que as projeções iniciais da própria OCDE, que num estudo em meados de outubro calculava a desvalorização dos ativos dos fundos em US 4 trilhões. Ou seja, a perda aumentou US 1 trilhão em pouco tempo.

Dois terços da desvalorização, de US 3,3 trilhões, se concentram nos Estados Unidos, onde a atual crise foi originada. Os prejuízos na Grã-Bretanha, Austrália, Canadá, Holanda e Japão somam US 1,2 trilhão.

Os fundos de pensão da Irlanda tiveram o pior rendimento sobre os seus investimentos, com queda de 30% em termos nominais. Nos Estados Unidos, Canadá, Austrália e Hungria, o rendimento negativo foi de 20% em dez meses.

Os fundos de pensão, que representam a maior parte dos ativos dos sistemas de pensão privados, foram atingidos mais duramente nos países industrializados, onde investiram mais de um terço de seu capital.

O Banco de Compensações Internacionais (BIS), espécie de banco dos bancos centrais, diz em outro relatório que o desmoronamento dos mercados de ações em outubro e novembro, com os temores de recessão global, superou aquele registrado em qualquer crise desde 1930.
Para a OCDE, essas perdas deixam claro a necessidade urgente de outras reformas nos sistemas de pensão privada.

A queda de ações dos planos de aposentadoria com prestação definida, nas quais a renda é ligada ao salário, aumentaram o numero de fundos com déficits – ou seja, os futuros pagamentos superam o capital.
Ainda segundo a entidade, muitas empresas podem ter de contribuir mais a seus fundos de pensão, para compensar esse déficit, o que pesa ainda mais sobre essas companhias num cenário de crise. Podem tambem acelerar a tendência de fechar essas fundos para novos empregados.

A Alemanha, Suécia, Grã-Bretanha e os EUA têm fundos de garantia que protegem os pagamentos de aposentadoria em caso de falência de uma empresa quando o plano de aposentadoria tem déficit. Mas a OCDE nota que as inquietações persistem, na medida em que esses fundos podem ter de precisar de ajuda do governo em caso de falências crescentes.

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