“Não vamos dar nada disso. Imagina! Um crédito 100% seguro, sem inadimplência!” Essa foi a reação do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, ao tomar conhecimento do desejo dos bancos de aumentar a taxa de juros do crédito consignado para aposentados e pensionistas do INSS. A declaração está na edição desta quinta-feira do jornal Valor Econômico.
A Contraf/CUT divulgou ontem análise do Dieese sobre a ganância dos bancos ao propor tal medida (leia aqui), com o que o ministro parece concordar. “Juro de 2,5% ao mês dá mais de 30% ao ano (34,49%), sem inadimplência e quase sem custo operacional”, argumentou.
Veja abaixo a íntegra da matéria de Claudia Safatle, do Vlaor Econômico:
Governo não vai elevar juros do consignado
Claudia Safatle, De Brasília
21/08/2008
O governo não pretende autorizar o aumento da taxa de juros do crédito consignado para aposentados e pensionistas do INSS. “Não vamos dar nada disso. Imagina! Um crédito 100% seguro, sem inadimplência!”, reagiu o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, ao tomar conhecimento da pauta de reivindicações da Associação Brasileira de Bancos (ABBC) para a próxima reunião do Conselho Nacional de Previdência Social, dia 27.
Os bancos querem aumentar os juros, hoje limitados a até 2,5% ao mês, e a margem para a concessão de empréstimos, atualmente de 20% do benefício. Tais regras, segundo estudos do setor, estariam contribuindo para limitar a expansão do crédito consignado, principalmente depois que o Banco Central começou a elevar a taxa básica de juros (Selic).
“Eu vi essas reivindicações, liguei para o Pimentel (ministro da Previdência, José Pimentel) e falei: ‘Pimentel, que história é essa? Os bancos estão emprestando bilhões a custo baixíssimo, e não tem inadimplência!. Não vamos dar nada’.” Pimentel, segundo relato do ministro do Planejamento, teria concordado com essa posição. “Ele me disse que isso é conversa, que é lobby dos bancos”, disse Paulo Bernardo. A informação de que essas são as propostas que serão levadas à reunião do dia 27 foi publicada pelo Valor na edição de anteontem, dia 19.
“Juro de 2,5% ao mês dá mais de 30% ao ano (34,49%), sem inadimplência e quase sem custo operacional”, argumentou Paulo Bernardo. Os bancos, contou ele, alegam problemas com os “pastinhas”, uma espécie de corretores que buscam clientes mas cobram o equivalente a até 15% da operação. ” Isso é problema deles (bancos) e eles que resolvam”, completou o ministro. ” Estou cobrando do meu pessoal técnico que faça um portal para permitir que as operações sejam mais por meio eletrônico. Isso reduziria a a intermediação (dos pastinhas)”, concluiu o ministro.