Para Paul Krugman, o novo plano anunciado segunda-feira pelo governo dos Estados Unidos “vai produzir grandes ganhos para os bancos que na verdade não precisavam de qualquer ajuda; mas, em contrapartida, pouco vai fazer para tranquilizar o público em relação aos bancos que estão seriamente descapitalizados”. O plano pretende convencer investidores privados a comprar dos bancos os títulos que ninguém quer, incentivando-os com uma participação do Estado e a concessão de empréstimos públicos que cobrem quase todo o investimento.
O governo dos Estados Unidos anunciou o segundo plano para ajudar os bancos a livrarem-se dos chamados ativos tóxicos, o denominado Plano de Investimento Público-Privado. O plano pretende convencer investidores privados a comprar dos bancos os títulos que ninguém quer, incentivando-os com uma participação do Estado e a concessão de empréstimos públicos que cobrem quase todo o investimento. O prêmio Nobel da Economia, Paul Krugman, criticou o plano e voltou a defender a nacionalização dos bancos, como meio de enfrentar a crise.
O plano é uma segunda tentativa, depois do fracasso do plano Paulson, que foi aprovado pelo Congresso norte-americano em Outubro, mas que esbarrou na dificuldade de definir o preço certo dos ativos tóxicos. Assim, as autoridades acabaram por utilizar o dinheiro (cerca de 700 bilhões de dólares) para recapitalizar os bancos.
Agora, segundo o plano do secretário do Tesouro Timothy Geithner, são os investidores privados que definem, em negociação com os bancos, qual o valor a pagar pelos ativos. Mas o Estado participa no negócio em partes iguais e ainda empresta, com garantias, a maior parte do dinheiro para a aquisição.
De acordo com um exemplo dado pelo próprio Tesouro dos EUA, se o valor negociado pelo ativo for de 84 dólares, o investidor privado entra apenas com seis dólares, o Tesouro com outros seis dólares e os restantes 72 (seis por cada dólar investido) são obtidos através de um empréstimo da Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC). O Estado, apesar de partilhar um eventual lucro com o investidor privado, caso o título não seja totalmente perdido, a exposição a prejuízos é elevada, devido ao empréstimo concedido.
A divulgação do plano provocou euforia nas Bolsas de Valores de todo o mundo. Euforia não compartilhada pelo prêmio Nobel da Economia, Paul Krugman. Para ele, “este plano vai produzir grandes ganhos para os bancos que na verdade não precisavam de qualquer ajuda; mas, em contrapartida, pouco vai fazer para tranquilizar o público em relação aos bancos que estão seriamente descapitalizados. E temo que quando o plano fracassar, como quase certamente vai acontecer, a administração terá dado o último tiro: não vai conseguir levar ao Congresso outro plano que realmente funcione”, escreveu no seu blog no New York Times.
Krugman apela a que a Administração Obama imite a “solução sueca” para a crise financeira, nacionalizando os bancos em dificuldades.