No carro de som, o presidente do SindBancários, Everton Gimenis, ressaltou que para os banqueiros não existe crise
No ritmo de uma bateria de escola de samba e do refrão “campanha salarial/ a luta é necessária/ aumento real/ para os bancários e bancárias”, iniciou a fase de maior mobilização e visibilidade da Campanha Salarial dos Bancários 2015 na quinta-feira (29), em Porto Alegre. Após a concentração na Praça da Alfândega, entre a sede do Banrisul e da Caixa Econômica Federal, dirigentes do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre (Sindbancários), da Fetrafi-RS, de sindicatos do interior e bancários de base fizeram uma caminhada pelas ruas centrais até a parada final na Esquina Democrática, no Centro de Porto Alegre.
No carro de som, o presidente do SindBancários, Everton Gimenis, afirmou que as crises econômica e política no País, agravadas por decisões equivocadas do governo federal, não podem servir de justificativa para os bancos negarem as reivindicações dos bancários. Ele ressaltou que para os banqueiros não existe crise. “Este setor tem lucros cada vez maiores à base da exploração do trabalho e do adoecimento dos trabalhadores, com aumento das tarifas e com o crescimento das taxas de juros. A exploração também penaliza toda a população brasileira. Por isso, sabemos que nossa luta é também de todos os clientes e contamos com a solidariedade da sociedade”, destacou.
Marcha pelo Centro
Após a concentração na Praça da Alfândega, o Passeatão dos Bancários 2015 percorreu a Rua Caldas Jr., convocando os trabalhadores do Banrisul, em final de expediente, para se juntarem à marcha. Avançou pela Avenida Siqueira Campos, com o cantor Rosa Franco, sobre o caminhão de som, dando ritmo à caminhada. A marcha entrou na Rua General Câmara, foi pela Sete de Setembro e subiu a Borges de Medeiros até a Esquina Democrática.
Sobre o carro de som, o ex-presidente e atual diretor da Contraf-CUT, Mauro Salles indagava: “Alguma vez nós conquistamos alguma coisa sem luta e mobilização?”. Ele frisou que os trabalhadores precisam enfrentar toda a força do conservadorismo, representado por uma elite que inclui os banqueiros e a imprensa tradicional.
Com o apoio dos manifestantes, outros diretores do Sindicato e da Fetrafi-RS também convocaram mais bancários a participarem da marcha. “Venham para a passeata, pela valorização do trabalho, do emprego e da saúde dos bancários”, disse a diretora Denise Falkenberg Corrêa. Conforme o diretor do SindBancários,Jailson Bueno Prodes, nos últimos 12meses cerca de 5 mil bancários perderam os empregos. “São agiotas da nação”, afirmou. “E a nossa luta é por dignidade”.
Banrisul e Caixa
Uma das bandeiras levantadas pela marcha – e que integra a Campanha 2015 – foi a da realização do concurso público no Banrisul para qualificação do atendimento. O combate ao assédio moral, às metas abusivas, a necessidade de reposição dos cinco mil postos de trabalho vagos na Caixa Econômica Federal, melhores condições de trabalho, além do reajuste salarial de 16% estão entre as principais reivindicações dos bancários.
Solidariedade com servidores públicos
No Rio Grande do Sul, segundo Gimenis, a luta dos bancários é solidária com as demandas dos servidores públicos estaduais, professores, policiais militares e civis, trabalhadores da saúde e outros. “Todos perdemos com a política de arrocho do governo Sartori. Ele também ataca o patrimônio público, quer vender o Banrisul, o Badesul, a Corsan, CEEE, além de prometer o fechamento de outros órgãos importantes para o povo gaúcho”, afirmou. “Mas unidos com as outras categorias, vamos resistir. Como diz o nosso slogan: nós queremos futuro! Vamos lutar por isso”, garantiu.
O diretor do SindBancários e da CUT-RS, Ademir Wiederkehr reforçou: “Temos hoje uma grande articulação conservadora no Estado e no País. Um dos diretores da Fiergs já chegou a propor a venda do Banrisul para o Banco do Brasil. Neste momento, a união de todos em defesa do nosso patrimônio é fundamental”, disse.
Principais reivindicações dos bancários na Campanha Salarial deste ano:
> Reajuste salarial de 16% (reposição da inflação mais 5,7% de aumento real)
> PLR: 3 salários mais R$7.246,82
> Piso: R$3.299,66 (equivalente ao salário mínimo do Dieese em valores de junho último).
> Vales alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá: R$788,00 ao mês para cada (salário mínimo nacional).
> Melhores condições de trabalho com o fim das metas abusivas e do assédio moral que adoecem os bancários.
> Emprego: fim das demissões, mais contratações, fim da rotatividade e combate às terceirizações diante dos riscos de aprovação do PLC 30/15 no Senado Federal, além da ratificação da Convenção 158 da OIT, que coíbe dispensas imotivadas.
> Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS): para todos os bancários.
> Auxílio-educação: pagamento para graduação e pós.
> Prevenção contra assaltos e sequestros: permanência de dois vigilantes por andar nas agências e pontos de serviços bancários, conforme legislação. Instalação de portas giratórias com detector de metais na entrada das áreas de autoatendimento e biombos nos caixas. Abertura e fechamento remoto das agências, fim da guarda das chaves por funcionários.
> Igualdade de oportunidades: fim às discriminações nos salários e na ascensão profissional de mulheres, negros, gays, lésbicas, transexuais e pessoas com deficiência (PCDs).