Os bombeiros do Rio realizaram no domingo 12 uma passeata na praia de Copacabana como parte do movimento que reivindica melhores salários para a categoria. A manifestação contou com apoio da população carioca, de bombeiros de outros estados e de países da América do Sul, além de policiais militares, servidores públicos e parentes dos militares.
Desde as primeiras horas da manhã, centenas de pessoas se concentraram em frente ao Hotel Copacabana Palace, de onde seguem até o Posto 6. A passeata – que inicialmente era de protesto pela prisão dos 439 bombeiros que invadiram o quartel central da corporação, no centro do Rio, no último dia 4 – transformou-se em manifestação de agradecimento à população depois que os militares foram soltos, por meio de um habeas corpus concedido pela Justiça do Rio.
A manifestação também serviu de apoio ao pedido de anistias administrativa e criminal para os bombeiros que estiveram presos. Os bombeiros coletaram assinaturas para a proposta de emenda à Constituição (PEC) estadual, apresentada por alguns deputados à Assembleia Legislativa, que torna possível a anistia à categoria.
Solidários
Matias Montecchia, diretor da Escola de Guarda-Vidas da Argentina, veio ao Rio representando o sindicato da categoria naquele país. Mostrando o seu próprio contracheque, ele condena a situação do que chamou de “colegas do Mercosul”.
“O que nós queremos é prestar solidariedade aos nossos colegas do Rio, que têm um salário de pouco mais de R$ 1.000,00. O governo está fazendo uma vergonha com isso. E a nossa presença aqui é para ajudar na conquista dos direitos que um guarda-vidas deve ter em qualquer parte do mundo”, disse.
Montecchia mostrou o próprio contracheque para apontar a diferença salarial entre os bombeiros argentinos e brasileiros. Na Argentina, segundo ele, o salário inicial é de cerca de 7 mil pesos – o equivalente a cerca de R$ 2.700,00.
A professora da rede pública estadual Daniele Machado, com um salário mensal de R$ 681,44, aproveitou a manifestação para apoiar os bombeiros e criticar o baixo salário que recebe e as precárias condições de trabalho. Ela contou que trabalha em duas escolas diferentes para ter seu atual salário.
“Também aproveito para protestar contra as precárias condições de trabalho. Leciono nas escolas estaduais Almirante Barão de Teffé e Barão de Santa Margarida. Essa última, em Campo Grande, na zona oeste da cidade, não tem cadeira suficiente para os alunos, que sentam no chão para assistir às aulas e não tem vidros nas janelas, o que é uma pouca-vergonha”, disse.