Representando o Brasil nas reuniões do G20 (que reúne os países mais ricos e alguns em desenvolvimento), o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que a consolidação da economia mundial não pode custar o esforço e a penalização dos países emergentes. “Os países exportadores não podem fazer os ajustes à nossa custa. Não sou contra os ajustes, mas agora é desejável que os países emergentes não carreguem nas costas a retomada do crescimento”, disse ele.
Segundo Mantega, o Brasil e outros países emergentes cumpriram a lição de forma correta, garantindo ações internas que impediram a contaminação de crises. O ministro afirmou que o Brasil deve reduzir o déficit nominal (que inclui o pagamento de juros) em alguns pontos percentuais até 2016. Segundo ele, a partir desta data, também deve haver uma redução da dívida externa até que atinja níveis estáveis.
O ministro reiterou que são os países emergentes que estimulam o crescimento mundial, exercendo o papel de “puxadores” da economia. “Os países avançados é que estão retardando o crescimento econômico”, afirmou ele.
Porém, Mantega elogiou as últimas medidas adotadas pelos governos da Grécia, da Espanha e de Portugal para combater os efeitos da crise e impedir o agravamento da situação. Segundo ele, o G20 ocorre em um momento melhor do que há alguns meses. “A economia mundial está se recuperando, mesmo na União Europeia há recuperação”, disse ele.
Bric
Os líderes mundiais concluíram no domingo (27) os debates do G20 e divulgaram um comunicado conjunto com metas e recomendações. Os pontos principais dessa declaração são as medidas sugeridas para garantir a solidez da economia em meio a ameaças de recrudescimento da crise financeira internacional.
No sábado, depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desmarcou sua ida à cúpula devido às inundações no Nordeste, os quatro principais países emergentes do mundo – Brasil, Rússia, Índia e China (Bric) – cancelaram um encontro do grupo durante a reunião do G20, no Canadá.
O grupo – que representa 16,5% do Produto Interno Bruto (PIB) global e 43% da população do mundo – tem buscado influência nas instituições financeiras globais. Na tentativa de converter a potência econômica deste grupo em poder político, os países do Bric fizeram sua primeira cúpula oficial em 2009 na cidade russa de Ecaterimburgo. A mais recente foi em Brasília, em abril.