A Contraf-CUT- Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro criticou duramente a elevação da taxa básica de juros para 14,25% anunciada pelo Copom – Comitê de Política Monetária, na noite desta quarta-feira (29). É a quarta alta consecutiva em 2015, desta vez, em 0,5 ponto percentual.
Para Roberto von der Osten, presidente da Contraf-CUT, o governo da presidenta Dilma Rousseff parece não ter entendido o protesto das centrais sindicais, notadamente os da CUT, que têm apontado que a prática de uma taxa de juros tão elevada está na contramão do desenvolvimento, da retomada do crescimento e da continuidade do processo de inclusão iniciado no governo Lula: ” Mais um aumento na taxa Selic. Mais recursos da sociedade serão transferidos para os rentistas, principalmente os bancos. Mais crédito será negado à sociedade e mais recursos serão desviados para títulos e valores mobiliários” afirmou.
O presidente alerta também para o aumento do desemprego “A indústria irá produzir menos, desacelerar mais. O comércio verá novas quedas de vendas e os trabalhadores verão os seus empregos serem reduzidos. A Contraf-CUT vem alertando isso há muito tempo: este caminho duro nos levará à recessão e vai aprofundar a crise. Será que o governo não vê isso? “, destacou.
Aumento dos juros favorece bancos
O único efeito do aumento da Selic é engordar os já altíssimos lucros dos bancos. Para a sociedade sobra o encarecimento do crédito, o desemprego, a redução dos gastos sociais e o corte de direitos trabalhistas.
Segundo o economista do Dieese, José Álvaro Cardoso, 90% dos recursos dispensados para o pagamento da dívida pública vão para o sistema financeiro, bancos nacionais e estrangeiros, investidores estrangeiros, seguradoras, fundos de investimento e fundos de pensão.
Apenas no primeiro trimestre de 2015, enquanto o governo poupava R$ 18 bilhões retirando direitos trabalhistas e previdenciários para aumentar o superávit primário, os gastos com juros bateram nos R$ 85 bilhões. Mesmo assim, a dívida pública bruta aumentou em R$ 227,8 bilhões apenas nos primeiros três meses do ano.
Segundo José Álvaro, mesmo com o ajuste fiscal, o rombo nas contas públicas em 2015 alcançará 6,4% do PIB. E não são os salários do funcionalismo público federal ou os gastos com os programas sociais que levarão a este resultado, e sim os gastos com a dívida pública, turbinados pelos seguidos aumentos da taxa básica de juros, a Selic.