Para colunista Paulo Sant’ana, assaltos são de alto risco menos para os bancos

Sob o titulo “Assaltos de alto risco”, o colunista Paulo Sant’ana analisou na edição desta sexta-feira, dia 4, do jornal Zero Hora, de Porto Alegre, os ataques a bancos no Rio Grande do Sul. Duas pessoas, dentre eles o ex-prefeito de Gramado dos Loureiros, foram mortas durante assalto ao Banrisul na quarta-feira, dia 2.

“E dói saber-se que os bancos têm seguro para o dinheiro que lhes é roubado, isto é, o prejuízo é sempre para os transeuntes ou clientes que são surpreendidos pelos assaltos e são mortos, como foram duas pessoas de Gramado dos Loureiros, que nada tinham a ver com a dinâmica do assalto”, constata o titular da coluna mais lida da imprensa gaúcha.

“Não é irônico que morram clientes, populares, policiais, em assaltos que não causarão qualquer prejuízo aos bancos? Muito irônico e dá o que pensar”, afirma Sant’ana.

Leia a íntegra da coluna:

Assaltos de alto risco

Com aquele assalto de anteontem a um banco em Gramado dos Loureiros, em que uma pessoa que não era assaltante nem policial caiu morta durante a ação e um ex-prefeito foi ferido e morreu ontem, fiquei a cismar sobre essa “profissão” de assaltante de bancos.

Eles saem do ramo de assaltos comuns por ser menos lucrativo, vão direto aos bancos, onde o dinheiro está vivo e não necessita de receptador.

Mas o que me encasqueta é a coragem desses homens que se arremessam a assaltar bancos.

Eles sabem que em algum desses bancos será dado o alarma, a polícia acudirá a agência, fatalmente haverá o enfrentamento e, mais dia, menos dia, eles serão atingidos por uma bala na caçada.

Pois, mesmo assim, intentam os assaltos de peito aberto. É uma profissão que logo em seguida acabará, na melhor das hipóteses, na prisão, mas com muita chance de serem mortos no combate contra a polícia ou contra as próprias vítimas.

*

O assalto a banco era um roubo proverbial nos filmes de faroeste.

Mas sempre o assalto a banco exigia muito planejamento, demora de meses para o preparo das providências.

Agora, não. Todos os dias há notícias de assaltos a banco na Grande Porto Alegre ou no Estado. Vulgarizaram-se.

Parece que os ladrões escolhem a esmo as agências a serem assaltadas. É tão grande a insistência desse tipo de delito, que por vezes algumas agências são assaltadas três, quatro, cinco vezes num ano.

*

Viraram moda também os assaltos a banco em pequenas cidades do Interior, embora não tivessem eles cessado em Porto Alegre.

Logo, não importa aos assaltantes se as agências têm pouco ou muito movimento, o mesmo acontecendo com os arredores das agências assaltadas.

Pode ser o assalto como foi anteontem esse de Gramado dos Loureiros, em localidade pacata, como podem também os assaltos se verificar em agências de avenidas movimentadas da Capital, acontecidos aqui até mesmo em agências localizadas em repartições públicas, universidades etc.

*

Os que se atiram a assaltar bancos ou carros-fortes são ladrões perigosos. Pelo simples fato de que sua ação é muito temerária, isto é, eles estão dispostos a tudo, entendem como muito provável a chance de serem apanhados, estão preparados para o enfrentamento com a polícia, tornam-se assim destemidos para o que der e vier.

*

E dói saber-se que os bancos têm seguro para o dinheiro que lhes é roubado, isto é, o prejuízo é sempre para os transeuntes ou clientes que são surpreendidos pelos assaltos e são mortos, como foram duas pessoas de Gramado dos Loureiros, que nada tinham a ver com a dinâmica do assalto.

Ou, então, são policiais que tombam no cumprimento do dever. Os bancos, vítimas dos roubos, no entanto, por terem seu dinheiro segurado contra roubos, nada sofrem.

Não é irônico que morram clientes, populares, policiais, em assaltos que não causarão qualquer prejuízo aos bancos?

Muito irônico e dá o que pensar.

Compartilhe:

Compartilhar no facebook
Facebook
Compartilhar no twitter
Twitter
Compartilhar no whatsapp
WhatsApp
Compartilhar no telegram
Telegram